O rosto de Jesus do Santo Sudário de
Turim,
achava-o em tudo semelhante (ao que via nos êxtases).
Pe. H. Pasquale, Beata Alexandrina
*
A Beata Alexandrina, nos êxtases que
viveu às sextas-feiras, descrevia a Paixão com uma precisão impressionante.
Gostaria de destacar aqui apenas três destes elementos, pela sua objectiva
coincidência, quando comparados com a descrição do Santo Sudário.
I. Flagelação
Em 1945, a Beata descrevia que o seu corpo “foi despedaçado por bolas de
ferro ou coisa semelhante.” (Pe. H. Pasquale, A Paixão de Jesus,
p.80, ¶92; 6.7.1945)
Os autores do livrinho O Santo Sudário: estudos sobre um crucificado (B.
Barberis & M. Boccaletti, Paulus, p.14) descrevem deste modo a flagelação e
o instrumento usado: “Sobre todo o dorso são visíveis numerosas equimoses (mais
de cento e vinte), que se podem atribuir ao flagelo, instrumento de tortura
utilizado pelos Romanos. Lesões disseminadas sobre todo o corpo, à excepção da
nuca, das mãos e dos antebraços, provavelmente devido à posição assumida pelo
condenado durante a flagelação. As lesões que cobrem todo o dorso do condenado
parecem ser causadas por duas pequenas bolas, provavelmente de chumbo,
ligadas entre si por uma tira.”
II. Coroa de espinhos
Sobre a coroa de espinhos, diz a Beata Alexandrina: “A coroa não me cingia só a
frente. Não tive lugar nenhum da cabeça que não fosse por eles [os espinhos]
ferido. As dores eram insuportáveis!” (A Paixão de Jesus, p.81, ¶99;
31.8.1945).
O Pe. H. Pasquale, seu segundo director espiritual, afirma, com base na
descrição da Beata, que se trata como que de “uma coroa em forma de capacete”:
“A Alexandrina explicou-nos que não se tratava somente de uma coroa em volta da
cabeça, mas de um capacete de espinhos que lhe cobria toda a cabeça.”
(Pe. Terças, in Pe. H. Pasquale, Beata Alexandrina, p.110, n.1)
E agora a descrição do Sudário: “Os derrames de sangue causados por feridas de
diâmetro reduzido multiplicam-se na nuca e no couro cabeludo. Colocados como
estão em círculo, no topo da cabeça, dão a ideia de um barrete de picos
afiados e fazem pensar, mais do que numa Coroa, numa calota de espinhos,
cujo intenso sofrimento foi sublinhado por todos os médicos que se entregaram
ao estudo sistemático do Sudário. Foi também sublinhado que a abundante
vascularização da área está na origem de uma hemorragia abundante de sangue
arterial e venoso.” (O Santo Sudário: estudos sobre um crucificado,
p.12). Também a Beata Alexandrina descreve o intenso sangramento que decorreu
da coroação com a coroa de espinhos: “Que chuva de sangue caiu da minha cabeça
da coroa de espinhos!” (A Paixão de Jesus, p.81, ¶100, 11.2.1949)
III. Crucifixão no pulso
A crucifixão, como a viveu e viu, contém também uma impressionante coincidência
objectiva com o que vemos no Santo Sudário: “No inquérito feito à vidente,
poucos dias antes, o visitante perguntou-lhe, também, porque é que, ao ser
cravada na cruz, procurava ela com a extremidade dos dedos atingir não a palma
das mãos, onde se diz que Jesus foi cravado, mas sim os pulsos.
Observação da Alexandrina: – É que o Senhor não foi pregado na palma das
mãos, mas, sim, aqui. E apontou para o pulso.
Este gesto já havia sido notado pelo Reverendo Pároco, que chamou para ele a
atenção do visitante.
– E é nos pulsos que sente as dores?
– É aí que, na crucifixão de Jesus, eu sinto a tortura dos golpes.” (Pe.
Terças, in Alexandrina Irmã Missionária, pp.163-164)
No referido livro, na secção intitulada Buracos nos pulsos e não nas mãos
(p. 17), explica-se que “só cravando o cravo num orifício bem definido, como os
ossos do pulso – assim dizem os médicos-legistas – é que o corpo do condenado
pôde manter-se na Cruz.”
Possam estes breves apontamentos ajudar-nos a meditar na realidade da Paixão
durante esta Semana Santa.
Pedro Sinde
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