O Papa teve, esta manhã [29 de Março,
n.d.r.], duas audiências com os representantes dos povos nativos canadianos
Métis e Inuítes, junto dos quais lamentou o achado de uma tragédia de há anos
atrás, cuja descoberta levou à queima de várias igrejas no país e que as
investigações posteriores demonstraram ser falsas.
Foi durante o Angelus de 6 de Junho de 2020 que o Pontífice partilhara
com o mundo a sua consternação perante a dramática notícia, chegada algumas
semanas antes, da descoberta, no Canadá, de uma vala comum numa escola, a Kamloops
Indian Residential School, com mais de duzentos restos humanos de índios
canadianos.
Uma descoberta macabra, símbolo de um passado de crueldade residencial no país,
quando, desde 1880 até às últimas décadas do século XX, em instituições
financiadas pelo governo e geridas maioritariamente por organizações cristãs, o
objectivo era educar e converter os jovens indígenas e assimilá-los na
sociedade canadiana dominante através de abusos sistemáticos.
Ao sair do Palácio Apostólico ao som de dois violinos, símbolo da sua cultura e
identidade, os indígenas reuniram-se com a imprensa internacional, no exterior
da Praça de São Pedro, para falar dos detalhes da manhã. Cassidy Caron, a jovem
presidente dos mestiços, falou, lendo uma declaração, sobre «o incalculável
número de pessoas que nos deixaram sem que a sua verdade fosse ouvida ou sem
que a sua dor fosse reconhecida. Sem nunca receberem a humanidade básica e a
cura que mereciam». «O reconhecimento, o pedido de desculpas, já devia
ter sido feito há muito, mas nunca é tarde demais para fazer o que é correcto»,
disse.
Uma história comovente de reconciliação e perdão com apenas um ponto negro: a “descoberta
macabra” não aconteceu. A realidade é que não foi encontrado um único corpo
fora de um cemitério normal na Kamloops Indian Residential School, onde começou
a operação de difamação contra a igreja, como se deu ao trabalho de revelar o
historiador Jacques Rouillard.
Era tudo falso. A campanha iniciou-se com base em resultados de testes com
radares, nos quais se assumiram “cadáveres” o que, na realidade, eram raízes,
metal e pedras. Os cemitérios normais foram etiquetados como “valas comuns”.
Rouillard descobriu que 51 crianças morreram no internato de Kamloops entre
1915 e 1964. Ainda existem documentos de 35 delas, provando que morreram por
doença ou acidentes.
A conclusão do historiador é que «as histórias imaginárias e a emoção
ultrapassaram a procura da verdade». O que é lamentável é que se faça
participar o Santo Padre no pedido de perdão e arrependimento por um crime que
não foi cometido e apenas foi uma desculpa para reforçar a narrativa da Igreja “má”
conivente com os colonos brancos sedentos de sangue.
Carlos Esteban
Através de InfoVaticana
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