O portal Dies Iræ publica, em exclusivo para língua portuguesa e a pedido do
próprio, uma declaração que o Arcebispo Carlo Maria Viganò, antigo Núncio
Apostólico, publicou, ontem, em defesa de Sua Eminência o Cardeal Gerhard
Ludwig Müller, antigo Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, que tem
sido ferozmente perseguido pelas suas posições contra a presente farsa pandémica.
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16 de Dezembro de 2021
«“Effathá”, que quer dizer “abre-te”».
Mc 7, 34
Não me admira que a verdade provoque reacções descompostas naqueles que propagam o
erro que a essa se opõe. As reacções dos fariseus às palavras de Nosso Senhor –
começando com os gestos teatrais de Caifás na proclamação da própria divindade da
parte do Messias – traem sempre a raiva dos mentirosos e das pessoas de má-fé diante
da afirmação da verdade e da honestidade intelectual. E esta indignação, que é
tão forçada como desmotivada, uma vez que não existem argumentos para rebater a
refutação, é frequentemente transferida para o interlocutor, numa tentativa de
o ridicularizar, de o fazer parecer louco ou um perigoso criminoso. Os exemplos a que pudemos assistir de quem tenha colocado em questão qualquer uma das pedras
angulares da narrativa oficial sobre o COVID são a confirmação de uma atitude
intolerante por parte daqueles que mentem e, ao mesmo tempo, da acusação de
intolerância contra aqueles que se limitam a declarar a verdade óbvia.
O virologista que afirma a ineficácia da vacina e evidencia os graves conflitos
de interesse nos funcionários responsáveis pela autorização dos fármacos ou
das terapias; o deputado que se opõe à oportunidade de impor bloqueios depois
de estes se terem revelado inúteis para conter a pandemia e desastrosos para a
economia da Nação; o jurista que critica as normas impostas pelo Governo em
violação da Constituição; o pároco que, desde o púlpito, questiona a moralidade
de um soro experimental produzido com células de fetos abortados; o intelectual
que assinala que o plano criminoso do Great Reset, promovido pelo World
Economic Forum e a Agenda 2030 das Nações Unidas, está a ser pontual
e perturbadoramente implementado precisamente devido à emergência pandémica auspiciada,
desde 2009, por Jacques Attali, no semanário francês L’Express, são
considerados, pelo Sinédrio globalista, como hereges, indignos de fazer perguntas
sobre os novos dogmas da religião sanitária definidos ex cathedra pelos
especialistas pagos pela BigPharma. Podemos imaginar que honestidade e
imparcialidade podem ser asseguradas pelos controladores pagos pelos
controlados.
De nada serve citar os escritos dos expoentes do deep state em que
confessam descaradamente o seu projecto criminoso. Tomemos como exemplo a
citação de Jacques Attali: «A história ensina-nos que a humanidade só evolui
significativamente quando tem verdadeiramente medo: depois desenvolve
inicialmente mecanismos de defesa; por vezes intoleráveis (dos bodes
expiatórios e totalitarismo); por vezes inúteis (da distracção); por vezes
eficazes (das terapias que negam, se necessário, todos os princípios morais precedentes).
Então, uma vez terminada a crise, o medo transforma estes mecanismos para os
tornar compatíveis com a liberdade individual e para os inscrever numa política
de saúde democrática» (aqui).
Estas palavras foram proferidas em 2009, no período que antecedeu o surto de
gripe suína, por cuja falsa emergência foi depois denunciada a OMS. Nelas
podemos obter a confirmação de um quadro exacto acerca das modalidades de
gestão da emergência sanitária, ou mesmo do planeamento da própria emergência,
com a previsão das possíveis respostas por parte dos cidadãos. Há apenas alguns
dias, Attali foi entrevistado, sem máscara, por dois jornalistas propensos, a
quem repreendeu por terem a máscara abaixo do nariz. A anedota – que se pode encontrar
num vídeo na internet – é a “prova provada” do absurdo da narrativa
pandémica, que se aplica aos súbditos e aos escravos do sistema, mas não aos
responsáveis. Biden, Johnson, Merkel, Draghi, Bergoglio e todos os “grandes da
terra” ostentam desprezo pelas massas, impondo-lhes normas absurdas, que esses
em primeiro infringem precisamente para demonstrar que a adesão a este culto
pandémico requer um consentimento fideísta e não é nada de científico.
Sua Eminência o Cardeal Müller, que é uma pessoa intelectualmente honesta,
disse coisas já denunciadas pelo Cardeal Burke, por D. Athanasius Schneider e
por mim, entre outros; coisas que Klaus Schwab, George Soros, Bill Gates e
todos os adeptos do Great Reset sempre declararam publicamente, até mesmo
produzindo documentos oficiais e imprimindo livros nos quais explicam em
pormenor os diferentes cenários que podem ser hipotéticos, desde a pandemia até
à emergência climática. E as palavras do Purpurado são a confirmação de que o
seu nome colocado no meu Apelo para a Igreja e para o Mundo, em Maio de
2020, foi meditado e desejado. Por esse gesto, por certos aspectos corajoso,
agradeço a Sua Eminência.
E lamento que, na Alemanha, os meios mainstream tenham acusado o Cardeal
Müller de anti-semitismo, pelo simples facto de George Soros e Klaus Schwab terem
origens judaicas, ao mesmo tempo que evitaram escrupulosamente entrar no mérito
da questão. E, no entanto, análogas denúncias contra a elite globalista e, em
particular, contra Schwab, Gates, Soros, os Rothschild e os Rockefeller são
feitas por rabinos ortodoxos e por judeus sobreviventes dos campos de
concentração nazis. São também eles, portanto, anti-semitas? Mas, mais uma vez,
fazer perguntas razoáveis a quem é desconfiado não serve para nada. Como na
fábula de Esopo, o lobo no topo do ribeiro acredita que tem o direito de não
ter a sua água turvada pelo cordeiro a jusante.
Posso imaginar que, para um Cardeal que também foi Prefeito da Congregação para
a Doutrina da Fé, é algo desafiante e não tão simples tomar uma posição sobre
uma questão que vê Bergoglio do lado oposto a propagandear as vacinas Pfizer e
a apoiar a green economy e o capitalismo inclusivo com os
Rothschild e os Rockefeller. Mas também penso que se Sua Eminência teve a
honestidade de denunciar a conspiração anti-humana da Nova Ordem Mundial e a
interferência dos multimilionários Gates e Soros no destino das nações, com
base nas provas e na consentaneidade das suas declarações, saberá com igual
lucidez de análise reconhecer a mesma consentaneidade à ideologia globalista no
inquilino de Santa Marta, que precisamente nestes dias abençoou um parque
inter-religioso na Argentina e aprovou a Fundação Fratelli Tutti e a sua
“formação holística” para o diálogo com as religiões. Se são evidentes as
interferências de Soros e Gates no governo das Nações, é inegável a
responsabilidade de Bergoglio em dar dignidade e legitimidade aos cúmplices do
WEF e da ONU, aos seus planos e àqueles que com eles cooperam; porque o
ecumenismo, a divinização da Mãe Terra, a dimensão “amazónica” da Igreja, o “synodal
path”, o transumanismo da Fundação para a Inteligência Artificial e todas
as infelizes inovações deste pontificado são perfeitamente coerentes com este
quadro, são a ele instrumentais e prosseguem o mesmo fim, ou seja, o
estabelecimento daquela Religião da Humanidade, que é a meta necessária da Nova
Ordem Mundial.
Embora a emergência sanitária tenha causado danos incalculáveis, tem, no
entanto, o mérito de ter aberto os olhos a muitos cegos, de ter curado muitos
surdos e mudos, que tornam a ouvir e a falar. Esta graça deve ser para todos
nós uma ocasião para podermos avaliar com um olhar sobrenatural o que está a
acontecer diante dos nossos olhos, discernir os princípios inspiradores e os
objectivos não declarados, denunciar os responsáveis e avisar os simples, que
esperam justamente que sejam os seus Pastores a dar-lhes salutares indicações e
não a empurrá-los para o abismo. E para compreender quão verdadeiras são as
palavras do Senhor: «Sem mim nada podeis fazer» (Jo 15, 5).
† Carlo Maria Viganò, Arcebispo
1 Comentários
"Não chamareis conspiração tudo o que este povo chama conspiração; não participareis do seu medo nem vos aterrorizareis..." (Isa. viii, 12)
ResponderEliminar«Tudo me é permitido, mas nem tudo é conveniente» (cf. 1Cor 6, 12).
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