«Ciente da importância e da solenidade
do acto que estou a realizar e do compromisso que assumo, juro: tratar cada
paciente com cuidado e empenho, sem discriminação alguma, promovendo a
eliminação de todas as formas de desigualdade na protecção da saúde».
Depois de fazerem o Juramento de Hipócrates, os médicos começam oficialmente a sua
profissão. O juramento na versão antiga foi também pronunciado pelo Dr. José
Moscati que, a 4 de Agosto de 1903, conseguiu a licenciatura em Medicina com «classificação
máxima e direito de impressão».
Moscati apaixonou-se, desde logo, pela investigação científica e começou a
frequentar laboratórios de Bioquímica e Fisiologia já a partir do segundo ano de
universidade. Isto significava olhar para o futuro no campo científico. Uma
previdência ditada pelo Espírito Santo. De facto, só no início do século XX é que a Fisiologia
e a Química – que até ao século anterior tinham seguido caminhos separados – se unirão para levar a descobertas sensacionais. Neste fermento cultural, o jovem Moscati
orientou os seus primeiros estudos para a compreensão dos mecanismos que
ligavam a Fisiologia e a Química.
Na maioria das vezes, e com razão, quando pensamos em José Moscati, pensamos na
figura do santo, do homem de caridade, da espiritualidade franciscana, que vivia
a sua missão com amor e dedicação. Nada poderia ser mais verdadeiro. Mas tudo
isto à custa de um ponto que deve ser realçado: a sua preparação científica, o
seu profissionalismo ao ponto do perfeccionismo, como demonstra a escrita de
vários ensaios científicos. E também uma profética ideia da ciência que faz
deste homem um santo muito especial. A “caridade científica”, chamemos-lhe assim,
onde podemos encontrá-la? Bastaria pensar que o Dr. José Moscati, antes de
submeter um corpo a uma autópsia, marcava sempre a sua testa com o sinal da
Cruz. Um outro lado da sua personalidade está ligado à experiência da dor: nos
seus escritos, de facto, lemos que a dor não deve ser interpretada como uma
contracção muscular, mas como «um grito da alma ao qual o médico deve
responder». Poderíamos defini-lo como um médico-sacerdote.
Um exemplo tangível do seu percurso interior e dos estudos pode ser encontrado
no museu do Hospital dos Incuráveis, em Nápoles, onde trabalhou. O museu – que
é oficialmente denominado “Museu de Artes Sanitárias de Nápoles” – tem salas
onde se pode mergulhar no trabalho diário do Dr. Moscati. Aqui, de facto,
podemos encontrar algumas das suas “receitas” médicas. São numerosas, mas uma
frase impressiona, imediatamente, a nossa mente e o nosso coração: «Nada de
grave». Tomemos como exemplo uma destas receitas: após um diagnóstico de «esclerose
ligeira do ápice esquerdo dos brônquios», Moscati escreve «nada de grave»,
sublinhado três vezes e com um ponto de exclamação. Era assim que José Moscati falava aos seus pacientes. Naquele «nada de grave»
não podemos deixar de encontrar Moscati preocupado, atento ao estado
psicológico e espiritual do paciente: nada de grave, um verdadeiro conforto do
espírito.
Percorrendo as salas do gabinete-museu, observa-se um Moscati cientista. E
estas receitas preservam, de qualquer forma, o aspecto científico, obviamente. O santo
médico era um homem de ciência, cuidadoso em curar a alma, mas também – e acima
de tudo – o corpo, como qualquer bom médico tem o dever de fazer. Voltemos, precisamente,
ao seu juramento como médico. Por exemplo, numa das suas receitas lê-se este
diagnóstico: «Úlcera duodenal». Neste caso, o tratamento está pronto:
tintura de iodo, um anti-séptico capaz de matar o helicobacter pylori que
causa a úlcera. O facto surpreendente é que foi apenas em 2005 que este
tratamento se revelou eficaz no combate a este tipo de bactérias. Mais uma vez,
o cientista Moscati tinha razão.
Há também uma mesa de autópsia no museu. É a do anfiteatro anatómico do
Hospital dos Incuráveis: o médico santo era o director do departamento de Anatomia
Patológica da importante estrutura napolitana. Faz pensar – e não pouco – a
placa que Moscati mandou colocar à entrada da sala. Acima desta estavam as
palavras do Profeta Oseias, do Antigo Testamento, «Ero mors tua, o mors».
Tradução: «Eu serei a tua morte, ó morte». Uma imagem da salvação que
vem de Cristo crucificado e, também, que se deve realizar respeitosamente a
autópsia do cadáver tentando extrair todas as informações possíveis para prevenir
a morte de outros pacientes com a mesma patologia. Um grande cientista, um
grande santo: nele, as duas características fundiram-se de uma forma sublime.
A sua vida foi testemunho de como a vocação do médico pode realmente
aproximar-se da santidade: curar a alma e curar o corpo; curar o corpo e curar
a alma. Para São José Moscati andam de mãos dadas. «Embora distante, não deixará
de cultivar e rever os seus conhecimentos todos os dias. O progresso reside
numa contínua crítica do que aprendemos. Apenas uma ciência é inabalável e
incontrolável, a revelada por Deus, a ciência do além! Em todas as suas obras, olhe
para o Céu e para a eternidade da vida e da alma, e, então, orientar-se-á de
forma muito diferente do que lhe sugerem considerações puramente humanas e a sua
actividade será inspirada para o bem». Estas são as palavras de Moscati a
um dos seus jovens alunos. Era o dia 22 de Julho de 1922. Para reler hoje e
amanhã. Para sempre.
Antonio Tarallo
Através de La Nuova Bussola Quotidiana
1 Comentários
Um exemplo para todos os médicos que hoje se submetem aos "procedimentos" covidescos e pactuam com autoridades sanitárias mundiais e agendas governamentais nacionais e internacionais eugenistas.
ResponderEliminar«Tudo me é permitido, mas nem tudo é conveniente» (cf. 1Cor 6, 12).
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