No seguimento de Cristo

«A liberdade deriva da moral cristã, vive de generosidade e de perdão»: nesta frase está a alma de Joana de Saboia (1907-2000). Na Rainha da Bulgária, que faleceu há 21 anos, doçura e rigor nunca foram separados; o dever era apenas o ponto de partida do seu modo de agir, sobre o qual edificar o amor de Cristo. Nasceu a 13 de Novembro de 1907, quarta filha de Vítor Emanuel III e da Rainha Helena de Saboia. De brilhante inteligência, destacou-se nos estudos e cultivou sempre um grande interesse pela cultura, concebida, sobretudo, como principal instrumento da formação humana e cristã.    

Em Setembro de 1923, foi atingida, juntamente com a irmã Mafalda, por uma forma gravíssima de tifo. As princesas eram assistidas por duas monjas da Ordem de Santa Clara e esse contacto conquistou de imediato a sensibilidade de Joana à espiritualidade franciscana. Quando os médicos, a essa altura, estavam desesperados pela situação clínica, ela fez voto que, se se recuperassem, se casaria em Assis. Em 1924, foi lá em peregrinação, juntamente com a caríssima irmã, para o agradecimento. Em 1930, casou-se com Bóris III, precisamente em Assis, com rito católico. Uma segunda cerimónia foi celebrada, em Sofia, no rito ortodoxo. Do matrimónio nasceram dois filhos: a Princesa Maria Luísa e o herdeiro do trono, Simeão II.  

Sob o totalitarismo estalinista, de 1944 a 1946, Joana de Saboia correu perigo de vida, juntamente com os seus filhos, até que, com um referendo institucional pilotado pela União Soviética, é proclamada a República e concretizado o relativo exílio da família real. A Rainha chegou, em primeiro lugar, a Alexandria, no Egipto, onde os pais já se encontravam no exílio, depois, em 1950, após uma clara recusa da Itália, que não considerava “apropriado” acolher um membro da Casa de Saboia, o General Francisco Franco ofereceu-lhe asilo político na Espanha. Finalmente, quando os filhos se casaram, chegou a Portugal, passando a viver junto do irmão, o Rei Humberto II. A Rainha Joana de Saboia foi soberana segundo os planos de Deus, segundo os princípios de Cristo Rei do Universo.

A caridade evangélica foi a mestra de vida de Joana de Saboia. Sempre se entregou com extremo abandono à Providência, desde tenra idade, e ao longo do seu caminho terrestre, marcado por afãs, angústias e tragédias, dirigiu constantemente o seu olhar para o alto. Era capaz de um amor humilde e forte, com um domínio de si digno de um asceta, mas com uma consistência e um calor dignos de uma esplêndida esposa e mãe. Caído o comunismo, aos 86 anos, foi autorizada a entrar na Bulgária: era 1993, quinquagésimo aniversário da morte do seu marido e depois de cinquenta anos de totalitarismo: foi acolhida com grande entusiasmo por um povo ainda fortemente ligado a ela. Morreu, a 26 de Fevereiro de 2000, no Estoril, mas quis ser sepultada, como terciária franciscana, na capela dos frades do cemitério de Assis, onde ainda hoje se encontra.            

Cristina Siccardi        

Através de Radio Roma Libera 

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