Um jovem estudante cristão poderia
confiar a sua direcção espiritual a um ateu? Paradoxal à primeira vista, aliás,
certamente paradoxal, o dilema não é, no entanto, abstracto. Longe disso: é
muito concreto, visto que já se baseia num clamoroso precedente. Na verdade, a
notícia da nomeação, na prestigiosa Universidade de Harvard, de um novo responsável
da capelania universitária, que é Greg Epstein, data de há poucos dias. Um nome
que, no fundo, teria relativa importância se não fosse ateu. Isso mesmo: para
chefiar os capelães de uma das mais célebres universidades do planeta foi
escolhido um senhor que tem pouco que ver com a religião.
Não só isso: Epstein também é autor de textos com uma marca claramente laicista,
como Good Without God: What a Billion Nonreligious People Do Believe
(William Morrow & Co., 2010). Para se ter uma ideia da originalidade desta
nomeação, é um pouco como se, na Itália, o matemático Piergiorgio Odifreddi [em Portugal, por exemplo, Álvaro Siza Vieira, assumidamente ateu - n.d.r.] fosse
chamado para chefiar a capelania de uma universidade: um absurdo. Ainda mais,
voltando a nós, que Harvard é uma universidade originalmente fundada com a
missão de formar os sacerdotes a fim de servir os primeiros colonos puritanos
da Nova Inglaterra. Em suma, estamos realmente além dos limites normalmente
conhecidos do paradoxo; e, de facto, a notícia, no mundo norte-americano, gerou
um rebuliço, com muitos a interrogar-se sobre a adequação e a oportunidade
de tal escolha.
Porém, o primeiro ponto – e aqui emerge um segundo aspecto chocante deste caso –
é que não foi algum intelectual ateu a defender a nomeação de Epstein, como
talvez se pudesse esperar. Não, na primeira fila a defender o capelão-chefe ateu
estão, paradoxo do paradoxo, os cristãos. Duas organizações vinculadas à
universidade em questão – o Harvard Catholic Center e a Harvard Christian
Alumni Society – alinharam-se em defesa da contestada nomeação, explicando que
essa é, mais do que qualquer outra coisa, administrativa e organizacional, nada tendo
de religioso. «Não há realmente nenhuma influência naquele cargo, a não ser
o facto de que consiste no título de capelão-chefe de Harvard e que actua como
um elo entre aquele grupo e o Presidente de Harvard», disse o porta-voz de
Harvard, Nico Quesada. Analogamente, a Harvard Christian Alumni Society fez
saber que «há pouca glória» no cargo confiado a Epstein, que consiste,
principalmente, «num serviço» e que dura um ou dois anos «a título de
cortesia». Agora, com todo o respeito por essas organizações e pelos
seus pontos de vista, é difícil considerar a nomeação em questão como um facto
marginal.
Para começar, porque, a levantar o caso, não foi um qualquer autor conservador
com veia de polémica, já que a escrever foram, sobretudo, para limitar a dois
nomes, primeiro Emma Goldberg, nas colunas do New York Times, e, pouco
depois, Maya Yang, no Guardian: será que dois dos jornais mais célebres do
planeta lançam uma notícia que não existe? Dificilmente. Até porque o Harvard
Catholic Center e a Harvard Christian Alumni Society serão duas óptimas
realidades, mas não consta que façam a curadoria de jornais ao nível dos que
acabámos de mencionar.
Em segundo lugar, é surpreendente que, em vez de, pelo menos, optarem pelo
silêncio, duas realidades de inspiração cristã agiram para apoiar uma escolha
que surpreende os cabeçalhos jornalísticos que, como evidenciado pelo New
York Times, muitas vezes também são laicistas. O que se segue é uma amarga
sensação: aquela de que, na verdade, já há algum tempo, certos círculos católicos
preferem piscar o olho primeiro à cultura dominante – e mais – do que à sua.
Como se houvesse algo superior ou, pelo menos, mais fascinante na distância da
fé; com tantos cumprimentos, é escusado dizer, para qualquer propósito de
conversão para aqueles que estão espiritualmente distantes.
Giuliano Guzzo
Através de La Nuova Bussola Quotidiana
1 Comentários
"Em segundo lugar, é surpreendente que, em vez de, pelo menos, optarem pelo silêncio, duas realidades de inspiração cristã agiram para apoiar uma escolha que surpreende os cabeçalhos jornalísticos que, como evidenciado pelo New York Times, muitas vezes também são laicistas.
ResponderEliminarO que se segue é uma amarga sensação: aquela de que, na verdade, já há algum tempo, certos círculos católicos preferem piscar o olho primeiro à cultura dominante – e mais – do que à sua.
Como se houvesse algo superior ou, pelo menos, mais fascinante na distância da fé; com tantos cumprimentos, é escusado dizer, para qualquer propósito de conversão para aqueles que estão espiritualmente distantes".
De facto quem escolheu, desgraçadamente, bergolio, na altura estaríamos longe de pensar no que deu bergolio, à oito anos que amargamos penosamente, um ateu, apostata, mação, herege, idolatra, defensor do islamismo e de todas as seitas, lgbts e afins, que comete todos os pecados, contra Deus e contra a Santa Igreja, e todos os bandos parasitas, que se encontram no vaticano, e que fazem sair as piores aberrações contra Deus.
Por isso não é de admirar, que sigam os exemplos que vêm, de onde em condições normais, isto NUNCA poderia acontecer.
Vivemos a pior tragédia, que alguma vez se viveu, na história da Humanidade se viu,
Mais palavras para quê,
que chamar a isto?, aberração!!!, acho que nem encontro as palavras humanas adequadas.
Triste sina a destes "católicos" que mais parecem o bidé, que se diz "catolico" e que se comportam como se vê, lê e se sabe, e outros na mesma onda, grande tragédia humana, que atravessamos a passos de gigante.
Misericórdia, Senhor, a quem Iremos Senhor, só Vós Senhor, nos podereis valer, concedei-nos a Graça de Vos permanecer fiel.
Paz e bem
«Tudo me é permitido, mas nem tudo é conveniente» (cf. 1Cor 6, 12).
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