A iniciativa “The Viganò Tapes”
consiste em dezoito pequenos vídeos que se traduzem em outras tantas perguntas
dirigidas ao Arcebispo Carlo Maria Viganò, antigo Núncio Apostólico em
Washington, sobre a situação actual da Igreja e do mundo. O portal Dies Iræ
disponibiliza, em língua portuguesa, o texto da décima primeira pergunta-resposta.
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11. Quais são os principais problemas que a Igreja enfrenta hoje?
A fumaça de Satanás
entrou na Igreja há mais de sessenta anos, com o Concílio, e diria ainda antes:
a revolução do Vaticano II foi possível porque preparada e organizada nos mínimos
detalhes, durante décadas, por traidores infiltrados na Cúria Romana, nas Dioceses,
nas Universidades, nos Seminários, nas Ordens Religiosas. Uma obra de
infiltração que encontrou inertes e despreparados os líderes da Igreja, inebriados
pelos ventos de novidade, inadequados perante os desafios da sociedade moderna,
afectados por um sentimento de inferioridade que os levou a crer que estavam fora
do tempo e fora de moda. E isto, devemos reconhecer, encontra a sua causa
principal na falta de uma visão sobrenatural, no ter negligenciado a vida da
Graça em benefício de um activismo dissipado, de um apostolado estéril
precisamente porque não alimentado da oração e não nutrido da Caridade, que é o
amor de Deus.
A mesma coisa acontece hoje, perante uma vexação pseudocanónica com a qual
se impõem limitações ilegítimas a um rito que, mesmo considerando apenas a sua
antiguidade, está em si isento de qualquer possibilidade de abolição.
O problema da igreja conciliar – que, como já disse várias vezes, se
sobrepõe à Igreja de Cristo como a Lua se sobrepõe ao Sol durante um eclipse –
é o ter querido chegar a acordos com o mundo, quando o Evangelho nos ensina que
o nosso destino é ser odiados e perseguidos pelo mundo: «Se o mundo vos
odeia, reparai que, antes que a vós, me odiou a mim» (Jo 15, 18). «Se me
perseguiram a mim, também vos hão-de perseguir a vós» (Jo 15, 20). «O
discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do senhor» (Mt 10, 24).
A Hierarquia conciliar cedeu à tentação de escolher o caminho fácil do diálogo,
em vez de percorrer, com coragem, o caminho da Cruz, e isto levou-a a renunciar
ao anúncio do Evangelho, adulterando-o, adaptando-o ao espírito do mundo. Não
esqueçamos que Satanás é definido como «dominador deste mundo» por Nosso
Senhor (Jo 12, 31 e 16, 11).
Mesmo assim, diante do colossal fracasso desta suposta “primavera conciliar”,
insiste-se, com tetragonal obstinação, num caminho que se revelou suicida. Se o
Vaticano II tivesse, pelo menos, aumentado o número de fiéis, poder-se-ia
criticar o método, mas, pelo menos, reconhecer o benefício numérico, se não
qualitativo. Em vez disso, a chamada “abertura” do Concílio não converteu um
único irmão separado, causando, pelo contrário, o abandono de um número
exorbitante de fiéis. Hoje, aqueles que permanecem na Igreja têm um
conhecimento da Fé quase sempre lacunoso, incompleto e erróneo; a sua vida
espiritual é pobre, se não totalmente ausente; o estado de Graça é aniquilado e
negligenciado.
Onde está – pergunto-me – este clamoroso sucesso do Vaticano II, com base
no qual devemos continuar no caminho que percorreu, depois de ter abandonado a via
regia que seguiam os Romanos Pontífices até Pio XII? Bastaria mesmo uma
avaliação humana para compreender o fracasso da ideologia conciliar e a
necessidade de reparar o erro cometido.
E devemos perguntar-nos – de modo talvez impiedoso, mas sempre honesto e
realista – se a alegada renovação não foi nada mais do que um pretexto, atrás
do qual estava oculta a intenção lúcida e maliciosa de destruir a Igreja de
Cristo e de substituí-la por uma sua contrafacção: uma intenção certamente não
compreendida nem partilhada pela maioria dos Bispos, mas que surge clara e
evidente na acção de poucos traidores organizados e eficientes. Não é por acaso
que falam de velha religião e de velha missa, em contraste com a nova
religião conciliar e a nova missa reformada. Aquele sulco, que eles
cavaram deliberadamente usando o Concílio como relha do arado, hoje, mostra-se
real, como um discrimen que separa o que é católico do que já não é,
quem é católico de quem já não quer ser.
O vídeo do décimo primeiro episódio foi censurado pelo YouTube e encontra-se
disponível aqui.
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