A iniciativa “The Viganò Tapes”
consiste em dezoito pequenos vídeos que se traduzem em outras tantas perguntas
dirigidas ao Arcebispo Carlo Maria Viganò, antigo Núncio Apostólico em
Washington, sobre a situação actual da Igreja e do mundo. O portal Dies Iræ
disponibiliza, em língua portuguesa, o texto da sexta pergunta-resposta.
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6. Não lhe parece que estas suas
palavras possam soar como um convite à desobediência?
O católico é naturalmente orientado para a ordem, para o respeito pela
autoridade e pela hierarquia, porque esta ordem e esta autoridade emanam da
sabedoria de Deus e são necessárias para o governo tanto da coisa pública
quanto da Igreja.
Mas, precisamente porque a autoridade dos homens vem de Deus, o católico – como
qualquer cidadão em geral – não pode aceitar que essa seja usurpada por aqueles
que fixam objectivos opostos àqueles para os quais foi constituída. O Senhor
colocou o Sucessor do Príncipe dos Apóstolos à frente da Igreja, designando-o
como Seu Vigário, para que apascentasse as ovelhas que Ele lhe confiou, não
para que as disperse, caso contrário, teria escolheu Judas e não São Pedro; da
mesma forma, a autoridade dos governantes temporais encontra a sua legitimidade
na boa governança, não em tornar os cidadãos escravos, em forçá-los a fazer o
mal, em impedi-los de perseguir o fim próximo que é a vida honesta e o fim
último que é a salvação eterna. Se a autoridade falha nos próprios deveres e, pelo
contrário, os trai e subverte, não tem mais legitimidade para exigir a
obediência dos súbditos.
A obediência, virtude ligada à Justiça, não consiste numa submissão acrítica ao
poder, porque, ao fazê-lo, degenera em servilismo e em cumplicidade com os que
praticam o mal. Ninguém pode impor a obediência a ordens intrinsecamente más, nem
de reconhecer autoridade a quem dela abusa para condescender com o mal. Assim,
aqueles que resistem a uma ordem ilegítima aparentemente desobedecem àqueles
que a transmitem, mas obedecem a Deus, cujo poder é, porém, exercido pela
autoridade vicária contra o seu fim, isto é, contra o próprio Deus.
O vídeo do sexto episódio encontra-se disponível aqui.
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«Tudo me é permitido, mas nem tudo é conveniente» (cf. 1Cor 6, 12).
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