A mais recente declaração do
Arcebispo Carlo Maria Viganò, sobre o Motu Proprio Traditionis Custodes,
do Papa Francisco, teve um fortíssimo impacto mediático, assistindo-se à
divulgação de inúmeros vídeos em que o prelado pronuncia a sua intervenção em
diversos idiomas. No seguimento do documento, a alemã Maike Hickson pediu
esclarecimentos a Mons. Viganò sobre o possível embate entre os sacerdotes que
celebram a Santa Missa de sempre e os respectivos Ordinários. O portal Dies Iræ traduziu e disponibiliza, em língua portuguesa, a resposta
do antigo Núncio Apostólico nos Estados Unidos da América.
+
5 de Agosto de 2021
In Dedicatione B.M.V. ad Nives
Cara Maike,
Em relação ao seu pedido de esclarecimento, envio-lhe algumas considerações
que, espero, tornem mais explícito o meu pensamento. Esta é a frase de
referência: «Será nosso dever, como Ministros de Deus ou como simples fiéis,
dar prova de firmeza e de serena resistência a tais abusos, percorrendo, com
espírito sobrenatural, o nosso pequeno Calvário quotidiano, enquanto os novos
sumos sacerdotes e os escribas do povo escarnecem de nós e apontam-nos como
fanáticos. Será a nossa humildade, a oferta silenciosa das injustiças para
connosco e o exemplo de uma vida coerente com o Credo que professamos a merecer
o triunfo da Missa Católica e a conversão de muitas almas».
A senhora pergunta-me: «O que farão os sacerdotes e os fiéis quando o bispo
os encostar à parede? Irão para a clandestinidade ou expor-se-ão publicamente,
em pública desobediência?». Permitam-me que diga, antes de tudo, que,
continuando a celebrar a Missa do Papa São Pio V, nenhum sacerdote comete
qualquer acto de desobediência, mas, pelo contrário, exerce o seu direito
sancionado por Deus, que nem mesmo o Papa pode revogar. Quem tem o poder de
oferecer o Santo Sacrifício tem o direito de celebrá-lo no rito antigo, como
foi solenemente proclamado, por São Pio V, na Constituição Apostólica Quo
Primum, promulgando a Liturgia Tridentina. Isso foi reiterado, pelo Motu
Proprio Summorum Pontificum, como um facto indiscutível. Quem infringir
essas disposições deve saber que incorrerá na ira de Deus Omnipotente e dos
Beatos Apóstolos Pedro e Paulo (Quo Primum).
A resposta a qualquer limitação ou proibição da celebração da Missa tradicional
deve, obviamente, levar em conta tanto os elementos objectivos como as
diferentes situações: se um sacerdote tem como Ordinário um inimigo jurado do
rito antigo que não tem escrúpulos em suspendê-lo a divinis se celebrasse
a Missa Tridentina, a desobediência pública poderia ser uma forma de tornar
evidente o abuso do Ordinário, sobretudo se a notícia fosse divulgada pela
comunicação social: os Prelados têm muito medo da cobertura jornalística sobre
as suas acções e, às vezes, preferem abster-se de sanções canónicas justamente
para evitar acabar nos jornais. O sacerdote deve, portanto, avaliar se a sua
acção será mais eficaz com um confronto leal e directo, ou agindo com discrição
e no escondimento. Na minha opinião, a primeira opção é a mais linear e
transparente, e a que mais responde ao comportamento dos Santos, que deve ser
seguido.
Obviamente, pode ser o caso de um Ordinário compreensivo, que deixa o seu
sacerdote livre para celebrar o rito tridentino; falar de coração aberto com o próprio
Bispo é, certamente, importante, se se sabe poder encontrar nele um pai e não
um funcionário. Infelizmente, sabemos bem que, na maioria das vezes, se trata
de tolerância e quase nunca de encorajamento no caminho da Tradição. Em alguns
casos, porém, convidar o próprio Ordinário para celebrar ele mesmo a Missa de
São Pio V pode ser uma forma de fazê-lo compreender, tocando as cordas mais
profundas do seu coração e da sua alma sacerdotal, quais são os tesouros
reservados aos Ministros de Deus que têm a possibilidade de oferecer o Santo
Sacrifício no rito apostólico. Quando acontece este “milagre”, o Bispo torna-se
um aliado do seu sacerdote, porque, além do aspecto intelectual e racional que
torna a Missa tradicional preferível, experimenta, em primeira mão, a sua
dimensão espiritual e sobrenatural, e como essa afecta a vida de Graça daqueles
que a celebram.
Espero que as minhas palavras esclareçam pontos que não desenvolvi na minha anterior
intervenção.
† Carlo Maria
Viganò, Arcebispo
2 Comentários
Paz e bem
ResponderEliminarSalvé Regina,
ResponderEliminarContinuando a celebrar a Missa do Papa São Pio V, nenhum sacerdote comete qualquer acto de desobediência,
Viva a Fraternidade de S. Pio X
Viva Cristo Rei
Erguer bem alto o Estandarte de Cristo Rei.
Para a frente, com Cristo na Alma, e Maria SS.
«Tudo me é permitido, mas nem tudo é conveniente» (cf. 1Cor 6, 12).
Para esclarecimentos e comentários privados, queira escrever-nos para: info@diesirae.pt.