Pontmain: uma aldeia remota, ainda hoje
distante de tudo, a Noroeste do Departamento de Mayenne, nos confins do Maine, da
Bretanha e da Normandia. Menos de mil habitantes, principalmente comércios, mas
visível de longe, dominando esta paisagem típica, com pequenos prados, rodeados
de sebes e árvores. As duas agulhas da sua basílica neogótica recordam que
aqui, na tarde de 17 de Janeiro de 1871, Nossa Senhora, «a Virgem Boa»,
como se dizia outrora na região, apareceu para consolar a França vencida e
aflita. Depois de Agosto de 1870, a guerra, imprudentemente declarada por
Napoleão III à Prússia, tornou-se um desastre. Paris é sitiada, o inimigo, por
todo o lado vencedor, invade a França. Nada nem ninguém parecia ser capaz de
impedir a invasão.
Os católicos franceses viram nesta catástrofe o cumprimento das profecias
feitas por Nossa Senhora durante as suas aparições na Rue du Bac, em Paris, em
1830, e em La Salette, em 1846: os erros da França mereceram este castigo. Apenas
a oração e a penitência podem apaziguar a ira divina. As igrejas transbordavam
de multidões de penitentes em oração. Cresce o número dos votos expressos e
elevados em todos os lugares ao Céu, para que o inimigo pare, para que a guerra
termine. Mas o Céu parece surdo. Como dizem, angustiados, os paroquianos ao
Abade Michel Guérin, Pároco de Pontmain: «Se há uma boa oração, Deus não ouve...».
Além da comum desgraça, o Inverno é horrível, o frio é terrível, o campo imóvel
sob a neve gelada.
São seis horas da tarde, de 17 de Janeiro, em Pontmain. No seu celeiro, o Sr.
Barbedette prepara a giesta para alimentar o gado, auxiliado pelos seus filhos,
Eugénio, 12 anos, e José, 10 anos. Aproveitando a visita de uma vizinha, que
interrompe o pesado trabalho, Eugénio sai para «ver o tempo». Está
sempre muito frio, o céu está sereno e, diante da criança estupefacta, desenrola-se
um espectáculo incrível: todas as estrelas, geralmente invisíveis a olho nu,
brilham, magníficas. No telhado do vizinho, Augustin Guidecoq, três enormes
estrelas brilhantes; no meio, de pé, «uma bela e grande Senhora» de
cerca de vinte anos, vestindo uma túnica azul-noite cheia de estrelas, a cabeça
coberta por um véu preto e um diadema de ouro. Ela sorri para o menino.
Ao pai e à senhora que veio visitá-los, prestes a ir embora, Eugénio pergunta: «Não
vedes nada na casa dos Guidecoq?». Não, os dois adultos não vêem nada. Em
vez disso, José, apressado, grita: «Eu vejo bem! Vejo uma bela e grande
senhora!». E o irmão mais novo descreve a visão observada pelo mais velho.
Com grande embaraço, mas convencido de que os seus filhos estivessem a inventar
tudo, o Sr. Barbedette mandou-os calor e pediu à vizinha que não falasse do
ocorrido: «As pessoas não acreditariam em vós e isso poderia provocar um
escândalo...». Isso não impede José, como em êxtase, de bater palmas, repetindo:
«Como é belo, como é belo!». A chegada da mãe, que os ameaça com um par
de bofetadas se não param de se exibir, não muda as coisas. No final do jantar,
as crianças pedem licença para poderem voltar a sair, para ver «se a Senhora
está lá sempre».
Está sempre. Desorientada, a senhora Bernadette vai procurar a perceptora, uma religiosa, a Irmã Vitaline, uma santa jovem. A Irmã Vitaline não vê... A senhora Bernadette
deduz que os meninos inventam; a religiosa, piedosa e humilde, porém, atesta
que algo extraordinário está realmente a acontecer, embora ela não merecesse a
graça de ver... Corre para a escola e volta com três meninas, três colegiais,
Jeanne-Marie Le Bossé, Françoise Richer, e uma outra, sobre a qual a investigação
manteve o anonimato, por não ter visto. Já na esquina da rua, Françoise grita: «Oh,
a Bela Senhora no telhado do jovem Guidecoq! A Bela Senhora com um vestido azul
e estrelas de ouro…». A outra perceptora, Irmã Maria Eduarda, bate à porta
dos Friteau e pede-lhes que tragam o seu filho, Eugénio, de seis anos,
tuberculoso e moribundo.
Anne Bernet
Através de Radio Roma Libera
1 Comentários
Salvé Maria SS.,
ResponderEliminarNossa Senhora, Bendita, Rogai por nós,
De facto, Nossa Mãe SS., é emocionante, Esta dignissima Senhora, sempre nos acode, nos tempos mais funestos da história da humanidade.
Que bom seria, se a humanidade toda se converte-se, viveria-mos numa porta do céu na terra.
Paz e bem
«Tudo me é permitido, mas nem tudo é conveniente» (cf. 1Cor 6, 12).
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