Desde hoje, um grupo de peregrinos lusos está
a caminho do Santuário de Fátima, local abençoado em que a Senhora do Rosário
comunicou ao mundo, por meio de três pobres crianças, uma forte mensagem de
penitência e conversão. O Arcebispo Carlo Maria Viganò, impossibilitado de
se juntar aos participantes, tal como gostaria, fez-se apresente por meio de
uma mensagem que foi lida e acolhida com grande contentamento e emoção.
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19 de Maio de 2021
S. Petri Celestini Papæ et Confessoris
Feria IV post Ascensionem
Por ocasião da
peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima, que este ano se realizará
de 21 a 23 de Maio, culminando na Solenidade de Pentecostes, é-me grato enviar
a minha saudação especial a quantos nela participarão, exortando-os a fazerem
este caminho terreno, rumo ao lugar das Aparições da Santíssima Virgem, com um
olhar espiritual para a crise que atravessam o mundo, a Europa, a querida nação
de Portugal e a própria Igreja.
Os vossos passos se dirijam Àquela graças a Quem o divino Rei dos reis se
encarnou, assumindo a nossa natureza humana. Ego sum ostium, disse de Si
o salvador: per me si quis introierit salvabitur (Jo 10, 9). Nosso
Senhor é a porta, a única porta que conduz ao Pai. Nas Catedrais da
Cristandade, uma coluna colocada no meio do portal lembrava aos fiéis que não
se pode chegar ao Pai senão por meio de Cristo Pontífice. Mas, na Sua infinita
Misericórdia, a Santíssima Trindade dignou-se a constituir em Maria Santíssima,
desde a eternidade dos séculos, a Medianeira de todas as Graças, a Janua
Cœli que abre os frontais da Jerusalém Celestial a quem n’Ela coloca a
própria confiança e todas as suas esperanças. Ad Jesum per Mariam.
E enquanto celebramos a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos e a
sua Rainha, invocamos Aquela que o Paráclito escolheu como própria Esposa, para
que, por Sua intercessão, o Consolador purifique a nossa impureza, banhe a
nossa aridez, cure as nossas feridas; dobre a nossa rigidez, aqueça a nossa
frieza, endireite aquilo que desviámos. Possa a nossa Mãe mover à piedade o dulcis
hospes animæ, para que renove a face da terra.
Nesta peregrinação terrena que simboliza o itinerário dos exilados no vale de
lágrimas, caminhais para a Mãe de Deus com a certeza de ter n’Ela infalível
acesso ao Seu divino Filho. A Ela oferecei as vossas penitências, os vossos
sacrifícios; ao Seu Imaculado Coração consagrai-vos a vós mesmos, as vossas
famílias e as vossas comunidades: para que Ela vos una aos Seus infinitos
méritos, tornando-os agradáveis à divina Majestade, e invocando sobre todos
vós, sobre Portugal, sobre o mundo inteiro e sobre a Santa Igreja aquelas
bênçãos que, nunca como hoje, imploramos.
Conscientes da advertência à oração, à conversão e à penitência, que a Nossa
Santíssima Mãe dirigiu aos pastorinhos, não abandoneis nunca o Santo Rosário,
arma terrível contra os assaltos do Inimigo do género humano. Multiplicai o
zelo na oração nesta hora dramática; sede assíduos na vida da Graça e na
frequência dos Santos Sacramentos, especialmente ao acercar-vos da Sagrada
Comunhão e na assistência ao Santo Sacrifício da Missa.
E enquanto ressoam as notas solenes da liturgia sob as abóbadas das igrejas em
que ireis parar, recordai que estes templos foram construídos por um povo
querido à vossa e nossa Padroeira, a ponto de lhes assegurar que, na apostasia
dos últimos tempos, em Portugal «se conservará sempre o dogma da fé».
Sede dignos guardiães do legado dos vossos pais! Renovai em vós aquela
espiritualidade profunda e enraizada que a infame seita não é capaz de apagar.
E estai certos, pelas promessas da Virgem Imaculada, de que estas Basílicas,
hoje desertas, se voltarão a repovoar, estes Mosteiros desnudos voltarão a
viver, as comunidades tradicionais, hoje abandonadas, renascerão prósperas.
E se as actuais circunstâncias nos impedem de honrar juntos a Augusta Rainha
das Vitórias, sabei que vos sou próximo na oração e que a todos recordo no
Santo Sacrifício, certo de que também vós quereis rezar por mim aos pés de
Nossa Senhora de Fátima.
A todos vós, queridos filhos e filhas, concedo a minha paternal Bênção, áuspice
dos favores celestiais.
† Carlo Maria Viganò, Arcebispo
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