«O nome de Jesus é a grande base
da fé que transforma as pessoas em filhos de Deus. A fé católica consiste na
boa nova de Jesus Cristo como luz da alma, porta da vida e fundamento da eterna
salvação». Assim escreveu São Bernardino de Sena, verdadeiro monumento da
fé, sumo teólogo e excelente pregador da Igreja Católica, cujo memória litúrgica
ocorre hoje. Porém, São Bernardino não era só isso. Podemos defini-lo, hoje,
como um homem que antecipou os tempos. Nós, contemporâneos, habituados às redes
sociais e aos directos streaming, poderemos ver neste santo – numa pindárica viagem
temporal – uma das expressões ante litteram da Igreja na web. Famosíssimo
pelos seus sermões e hábil na arte da oratória, mas também pela sua
engenhosidade criativa e pela sua capacidade de “acertar no alvo”, diríamos
hoje.
Para espalhar a devoção ao Santíssimo Nome de Jesus, até havia desenhado o
símbolo contendo as três letras JHS (ou também IHS), um cristograma atestado já
no século III. Graças ao santo senense, este cristograma entrou no uso
iconográfico comum e tornou-se familiar ao povo. Eram dadas a beijar aos fiéis
que ouviam os seus sermões tábuas de madeira gravadas com este trigrama rodeado
por um sol e, depois, encimado por uma cruz. Ao centro do sol, as três letras
JHS. Deste sol emanavam doze raios. Mas o que queriam significar estes doze
raios? Devemos, obviamente, relacioná-los com o mesmo nome de Jesus, que é:
Refúgio dos pecadores, Vexilo dos combatentes, Remédio dos enfermos, Alívio dos
que sofrem, Honra dos crentes, Esplendor dos evangelizadores, Misericórdia dos que
operam, Socorro dos fracos, Suspiro dos que meditam, Auxílio dos suplicantes,
Fraqueza dos que contemplam, Glória dos triunfantes. O sol central é uma alusão
clara a Cristo, que dá vida como faz o sol. A luz de Cristo pode iluminar a
todos, sem distinção. É a luz inconfundível do Evangelho, da Mensagem de Amor
de Cristo Jesus.
O Amor de Cristo é um calor. Um calor que nos envolve e aquece. Não há
escuridão, nem frio se houver Cristo. Todo o símbolo é circundado por um
círculo externo com as palavras em latim retiradas da Carta aos Filipenses de
São Paulo: «Ao nome de Jesus, se dobrem todos os joelhos, os dos seres que
estão no céu, na terra e debaixo da terra». As próprias letras (IHS) têm um
duplo significado: são as duas primeiras e a última letra do nome de Jesus em
grego, mas também podem significar, de modo abreviado, “Iesus Hominum Salvator”,
Jesus Salvador dos homens. Há uma outra peculiaridade: Bernardino também
estendeu o fuste esquerdo do H, cortando-o na parte superior para fazer uma
cruz. Este símbolo de cores vivas era colocado em todos os locais públicos e
privados, substituindo brasões de várias famílias e corporações frequentemente
em conflito umas com as outras.
Este símbolo tornou-se imediatamente famoso e popular, tanto que foi exibido na
fachada do Palazzo Pubblico de Sena. Espalhou-se não só na Itália, mas em todo
o mundo, tanto que Santa Joana d’Arc quis
bordá-lo no seu estandarte.
Porém, é necessário precisar que esta particular devoção ao Santíssimo Nome de
Jesus não era inteiramente nova. De facto, algumas décadas antes do santo senense,
os “Jesuatas”, congregação religiosa cujas origens remontam a 1360, fundaram grande
parte do seu compromisso missionário precisamente sobre o nome de Jesus Cristo.
A missão dos Jesuatas era estar próximo dos enfermos. E, precisamente nos seus
lábios, o nome de Jesus – o Salvador – estava sempre presente. Este símbolo, depois,
foi adoptado, em meados do século XVI, pela Companhia de Jesus. Alguns detalhes
diferiam daquele de São Bernardino. Ao símbolo do santo de Sena, os Jesuítas
acrescentaram os três pregos da Paixão de Cristo e os raios do sol já não serão
doze, mas dezasseis.
Contemplar o nome de Jesus, como fazia São Bernardino, é caminho para chegar à
Sua Mensagem. Naquele nome, tudo. Na verdade, só n’Ele há salvação, porque
Jesus é o “Salvador dos homens”.
Antonio Tarallo
Através de La Nuova Bussola Quotidiana
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