Em 2019, 21,5% dos recém-nascidos na
França receberam um nome árabe. Portanto, a cada cinco recém-nascidos, um é
árabe ou, em qualquer caso, muçulmano. É o resultado de uma investigação do
Insee – Instituto Nacional de Estatística e de Estudos Económicos – realizada
para verificar a real composição étnica da França. Uma reconstrução aproximada,
é claro. Na verdade, recorreram aos registos neonatais dos hospitais para
contornar o obstáculo: não é possível fazer uma estimativa da actual composição
étnica da França, porque tal tipo de recolha de dados é proibido pelos recenseamentos.
A reelaboração é, certamente, aproximada, mas a realidade é fotografada com uma
certa pontualidade. Os dados são bastante uniformes para todo o território
nacional. Mesmo que nos departamentos do Marne e do Sena a desproporção seja
tal que se registam picos de até 54% dos nascimentos de novos árabes. A
dimensão significativa de tais números dá-se pelo facto de que, em 1969, os
recém-nascidos com nomes árabes eram 2%: cinquenta anos bastaram para chegar a
21%. E se neste período as mutações ocorreram no silêncio absoluto, hoje, o
fracasso de qualquer modelo de integração revelou a multiplicação dos chamados “territórios perdidos”, o pesadelo do terrorismo jihadista e do separatismo islâmico que,
por sua vez, impuseram uma atenção como nunca antes.
Existem certos dados que denunciam um destino iminente para Paris. É a maior
população muçulmana da Europa, com quase 10% dos franceses agora islâmicos, a
impor a ambição de integração: uma minoria que será uma massa crítica amanhã. O
que fazer? Questiona-se o governo francês enquanto elabora projectos de lei
para lidar com um futuro que já está atrás da porta.
O Pew Research Center, de Washington, um dos mais credenciados institutos de estudo
de opinião do mundo, publicou, em 2017, um estudo que não foi muito
considerado. Segundo o instituto americano, mesmo que se quisesse descurar o
dado da imigração impossível de conter, todas as projecções assumem como uma constante
o facto de que a fecundidade dos muçulmanos já presentes e dos futuros permanecerá
superior à dos europeus. Na França, no Reino Unido e na Suécia, a fecundidade
dos muçulmanos é muito superior à taxa de reposição, variando entre 2,9 e 2,8
filhos por mulher, e é superior à dos não muçulmanos de um filho por mulher.
Depois, há os números sobre terrorismo, radicalização, menores desacompanhados
e bandos do narcotráfico. Os mesmos que fundamentaram a preocupação manifestada
pelas forças da ordem francesas que, em duas ocasiões, nos últimos meses,
denunciaram directamente ao Presidente Macron o seu temor de um iminente risco
de guerra civil. Duas cartas caracterizadas por um tom igualmente alarmante e
indicativo do elevado índice de descontentamento entre as Forças Armadas. A inacção
acarretaria riscos elevados e fatais, explicam os signatários, como a
transformação da França num «Estado falido». A França é o País da União
Europeia com mais cidadãos que partiram para combater pelo ISIS. Mas tem também
o maior número de radicalizados e vigiados por terrorismo, 11.000 activos e
20.000 activos e assinalados. São 5 milhões que vivem nas chamadas áreas
urbanas sensíveis.
Quanto aos dados do Insee, apesar da aproximação da investigação, centros de
pesquisa e estudos universitários independentes concordam que todos esses
registos que estão a mudar para sempre a França não se explicam apenas com a imigração
e a elevada natalidade, mas com as conversões ao Islão. Segundo o Gabinete Central do Culto, serviço do Ministério do Interior francês, ocorrem 4.000
conversões ao Islão por ano. Um dado que a entidade julga “baixo”, já que
muitas mesquitas não se preocupam em registar os que chamam de “regressados”.
As “conversões ao Islão” não representam um fenómeno circunscrito às periferias,
mas, sobretudo desde há quase quinze anos, também estão na cena do chamado “star
system” com cada vez mais celebridades do mundo do espectáculo, do cinema e do
desporto. Frank Ribéry, Paul Pogba, Mesut Özil, Nicolas Anelka Sinead O’Connor,
Snoop Dogg, Zayn Malik, Kery James, Gims são alguns dos desportistas e cantores
famosos que pronunciaram a shahādah, o testemunho público de fé de um
muçulmano.
Nas próximas décadas, assistir-se-á, sem uma inversão de tendência extrema, a uma
mudança de paradigma étnico e religioso. Para o Pew Research Center, acontecerá
em 2050; segundo o economista Charles Gave, a ultrapassagem será em 2060.
Também porque o eclipse do catolicismo é claro. Na França, todos os dias,
ocorrem, pelo menos, três actos contra o Cristianismo: seja um atentado, uma
profanação ou uma igreja incendiada, as acções irreverentes e violentas contra
edifícios e símbolos cristãos estão na ordem do dia. O mapa interactivo do Observatório
da Cristianofobia francês, mês a mês, documenta o terrível clima que está a
afectar o coração da Europa. O Observatório classifica as agressões em seis
categorias: incêndio criminoso, homicídio-agressão, vandalismo, furto, atentados
e sequestro de pessoa. As decapitações de estátuas da Virgem são muito
frequentes, as Hóstias consagradas são frequentemente profanadas e as pinturas
religiosas roubadas. A França é a nação onde ocorre um terço de todos os
ataques ao Cristianismo na Europa.
Segundo o Observatoire du patrimoine religieux, uma nova mesquita é
aberta a cada duas semanas. A cada ano, no entanto, desaparecem até 50 igrejas.
Algumas são queimadas, outras vendidas, muitíssimas demolidas. De acordo com o
Observatório, se a adaptação de cerca de cinco mil igrejas para uso profano – discotecas,
ginásios e centros comerciais – se aproxima num período de tempo mais ou menos
prolongado, a ultrapassagem dos locais de culto islâmicos já está iminente.
Dois terços dos incêndios que danificam ou destroem as igrejas católicas são de
origem dolosa, mas, na grande maioria dos casos, permanecem sem culpado, isto
é, impunes. Mas, sempre de acordo com o Observatório, também existem três mil
igrejas em estado de abandono total. Apenas um terço dos locais de culto
católicos gozam de formas de protecção do Estado, quer dizer, 15.000 em mais de
45.000.
D. Dominique Rey, Bispo de Fréjus-Toulon, argumenta que o vazio deixado pelo
Cristianismo e a intolerância são a convergência entre o laicismo e o emergir
do Islão.
Os símbolos religiosos, como as cruzes, não podem ser usados nas repartições
públicas na França, embora o véu islâmico seja mais do que aceite. Os produtos halal
têm prateleiras de destaque nos supermercados e, dos media à publicidade, a
presença islâmica e a atenção ao Ramadão nunca são subjugadas. A sociedade é
cada vez mais marcada pela presença do Islão. A França, mas não só, está num
momento de forte descristianização em que a tradição cristã já não irriga a
cultura. Há muito que deixou de ser “a filha primogénita da Igreja”: é uma
filha que se esqueceu das suas origens.
Lorenza Formicola
Através de La Nuova Bussola Quotidiana
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