«O próprio Senhor irá à tua
frente; Ele estará contigo; não deixará que o teu joelho se dobre e não te
abandonará. Não temas, portanto, nem desanimes» (Dt 31, 8). Assim reza, de
forma poética e profética, o quinto livro do Antigo Testamento, o Deuteronómio.
E, hoje como nunca, constitui-se esta breve citação como um colossal amparo
para aqueles que, por causa da sua Fé, a única verdadeira Fé professada em
Jesus Cristo, e do seu filial amor à Santa Igreja e à Sagrada Tradição, são, a
partir de dentro, atormentados, achincalhados, aturdidos por quem, pelo
contrário, deveria confirmá-los e incentivá-los a trilhar a via da adesão à
Verdade revelada e encarnada. Tempos conturbados, ocasião para que os tíbios
despertem e troquem a sombra da indiferença pela sarça ardente do zelo apostólico
que os deveria consumir até à médula.
Movidas por este desejo de corresponderem Àquele que os amou primeiro, e em união
com a tradicional peregrinação de Pentecostes que une Paris a Chartres, cerca
de oitenta pessoas, na sua grande parte jovens, peregrinaram, entre os dias 21
e 23 de Maio, ao Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, partindo do
Santuário de Nossa Senhora da Nazaré, local bendito em que a Santíssima Virgem
valeu, no século XII, a D. Fuas Roupinho, Alcaide do Castelo de Porto de Mós. Enquanto os Pastores desviados se reuniam estouvadamente com os que, de forma voluntária e presunçosa, abandonaram a Igreja Católica, note-se. Foram
diversos os sacerdotes que tomaram parte na peregrinação, a que se juntaram
seminaristas da Fraternidade Sacerdotal de São Pedro, na sua maioria
portugueses, e alguns religiosos e religiosas tradicionais. A primeira etapa
ligou a já mencionada Nazaré a Aljubarrota, local extraordinariamente importante
e significativo para a independência nacional. No segundo dia, Vigília de
Pentecostes, foi celebrada uma Santa Missa tradicional no Real Mosteiro de
Santa Maria de Alcobaça, também panteão régio, que reuniu um larguíssimo número
de fiéis para a assistência ao Santo Sacrifício. As notas solenes da liturgia,
como vincou o Arcebispo Carlo Maria Viganò numa mensagem dirigida aos peregrinos
portugueses, ajudaram a recordar os presentes que «estes templos foram
construídos por um povo querido à vossa e nossa Padroeira, a ponto de lhes
assegurar que, na apostasia dos últimos tempos, em Portugal “se conservará
sempre o dogma da fé”. Sede dignos guardiães do legado dos vossos pais!». O
dia findou em Porto de Mós, desta feita sob a protecção do Arcanjo São Miguel,
utilíssima recordação para os combates que somos chamados a levar por diante. Em
pleno Domingo de Pentecostes, à hora do Regina Cæli, os peregrinos chegaram a Fátima, tendo sido
celebrada uma Santa Missa solene. Tocante foi o momento da entrada no
Santuário, sendo notória a comoção dos peregrinos e, inclusive, daqueles que,
sem contar, foram felizmente surpreendidos por tão edificante exemplo de
abnegação e filial confiança n’Aquela que é a Porta do Céu e o caminho seguro
para Nosso Senhor!
Se a primeira parte destas linhas não era animadora, a segunda deve fazer-nos recuperar
o ânimo que entusiasmou aqueles que, ao longo dos séculos, se bateram pela
defesa da Fé, pelos direitos da Santa Religião e pela Realeza de Nosso Senhor
Jesus Cristo, tão esquecido e desatendido na sociedade dos umbigos perversos. É
esta a hora de nos erguermos e de fazermos ouvir a voz da Verdade, a voz da
intransigência no que respeita a esperar e desejar o Céu em oposição aos
caminhos da perdição e da fraude, muitas vezes propostos e seguidos pelos degenerados
Pastores, a voz em defesa da castidade e da obediência, a voz do desejo de uma
boa morte na graça de Deus, a voz que implora uma filial devoção a Nossa
Senhora e que aspira à mortificação da carne, do orgulho e dos sentidos. Só
assim é que se pode almejar tomar parte na Igreja Triunfante! Até lá, que não
nos falte a coragem e, em especial, a humildade de reconhecermos os nossos
pecados, fazendo os mea culpa necessários e recitando piedosamente os Confíteor
que pudermos, e de formularmos o firme desejo de submissa correspondência Àquele
que, a todo o instante, nos ampara e tão intensamente anseia que haja «um só
rebanho e um só pastor» (Jo 10, 16). Se as forças nos faltam, recorramos à Virgo
Potens; se o encardido nos ataca, recorramos à Virgo Fidelis; se as
dúvidas nos assaltam, recorramos à Mater Boni Consilii; se nos sentimos
desamparados, recorramos à Consolatrix Afflictorum; enfim, recorramos,
em tudo e sempre, à Auxilium Christianorum! Quem tem ouvidos, que ouça:
«A Virgem Nossa Senhora na sua mensagem, que Peregrina anda a repetir ao
mundo, indica-nos o seguro caminho da paz e os meios para a obter do céu, visto
que tão pouco se pode confiar nos meios humanos» (Pio XII, radiomensagem na
conclusão das celebrações marianas em Fátima, 13 de Maio de 1951). Tal como D.
Fuas, repliquemos o aflito e, concomitantemente, confiante rogo à Santíssima Virgem:
Senhora, valei-nos!
D.C.
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