No seguimento da escandalosa quinta
edição da Vatican Conference, que decorrerá entre os dias 6 e 8 de Maio
de 2021, o Arcebispo Carlo Maria Viganò escreveu uma clara declaração sobre a aberração
promovida pelo Conselho Pontifício para a Cultura, explicando as derivas maçónicas-diabólicas
que inspiram os seus organizadores, começando pelo Cardeal Ravasi. A pedido do
antigo Núncio Apostólico em Washington, o portal Dies Iræ traduziu e disponibiliza, em exclusivo para
língua portuguesa, o documento em questão.
+
20 de Abril de 2021
Feria Tertia infra Hebdomadam II
post Octavam Paschæ
De 6 a 8 de Maio de 2021, realizar-se-á a quinta International Vatican
Conference, intitulada Exploring the Mind, Body & Soul. Unite
to Prevent & Unite to Cure. A Global Health Care Initiative: How Innovation
and Novel Delivery Systems Improve Human Health. O evento é organizado pelo Conselho
Pontifício para a Cultura, pela Cura Foundation, pela Science and
Faith Foundation e pela Stem For Life.
Michael Haynes falou dos participantes e dos temas abordados na Conferência em LifeSiteNews
(aqui), incluindo, entre os outros nomes, os
nomes do infame Anthony Fauci, cujos escandalosos conflitos de interesse não o
impediram de assumir a gestão da pandemia nos Estados Unidos; de Chelsea
Clinton, seguidora da Igreja de Satanás e convicta abortista; do guru New Age Deepak
Chopra; de Dame Jane Goodall, ambientalista e especialista em chimpanzés; dos
CEO da Pfizer e da Moderna, dos expoentes da Big Tech e todo um repertório de
abortistas, malthusianos e globalistas conhecidos do grande público. A
conferência recrutou como moderadores cinco célebres jornalistas exclusivamente
de meios de comunicação de esquerda, como CNN, MSNBC, CBS e Forbes.
Esta Conferência – juntamente ao Council for Inclusive Capitalism, de Lynn
Forester de Rothschild, ao Global Compact on Education Council e ao sabat
inter-religioso que se realizará, em Junho, em Astana, no Cazaquistão –
constitui mais uma escandalosa confirmação de um impressionante afastamento da
actual Hierarquia, em particular dos líderes romanos, da ortodoxia católica. A
Santa Sé, num contramagistério anticristão, negou deliberadamente a missão
sobrenatural da Igreja, fez-se serva da Nova Ordem Mundial e do globalismo maçónico.
Os mesmos Dicastérios Romanos, ocupados por pessoas ideologicamente próximas a
Jorge Mario Bergoglio e por ele protegidas e promovidas, continuam, sem
qualquer restrição, a sua implacável obra de demolição da Fé, da Moral, da
disciplina eclesiástica, da vida monástica e religiosa, na tentativa, tanto vã como
inaudita, de transformar a Esposa de Cristo numa associação filantrópica
subserviente aos Poderes Fortes. O resultado é a sobreposição à verdadeira
Igreja de uma seita de modernistas heréticos e perversos, com a intenção de
legitimar o adultério, a sodomia, o aborto, a eutanásia, a idolatria e qualquer
perversão do intelecto e da vontade. A verdadeira Igreja sai eclipsada, renegada,
desacreditada pelos seus próprios Pastores, traída até por aquele que ocupa o mais
alto Sólio.
Que a deep church tenha feito de maneira a eleger um próprio expoente
para poder levar a cabo este plano infernal concordado com o deep state,
já não é uma mera suspeita, mas uma possibilidade sobre a qual é, hoje, indispensável
interrogar-se e esclarecer. A submissão da Cathedra veritatis aos
interesses da elite maçónica está a manifestar-se em toda a sua evidência, no
silêncio ensurdecedor dos Sagrados Pastores e na perplexidade do povo de Deus,
abandonado a si mesmo.
Outra demonstração dessa desordenada libido serviendi do Vaticano em
relação à ideologia globalista é a escolha dos testemunhos e dos conferencistas:
apoiantes do aborto, do uso de material fetal na investigação, do declínio
demográfico, da agenda pansexual LGBT e, não menos, da narrativa COVID e das
chamadas vacinas. O Cardeal Ravasi, Presidente do Conselho Pontifício para a
Cultura, é, certamente, um dos principais expoentes da deep church e do progressismo
modernista, assim como um defensor do diálogo com a infame seita maçónica e promotor
do famoso Átrio dos Gentios. Assim, não é de estranhar que, entre os
organizadores do evento, figure a Stem for Life Foundation, que se
define orgulhosamente «uma organização isenta de impostos, não sectária,
apartidária, cujo objectivo é a criação de um movimento para acelerar o
desenvolvimento das terapias celulares».
Olhando mais de perto, o sectarismo e o partidarismo da Vatican Conference
são evidentes pelo tema tratado, pelas conclusões que pretende tirar, pelos
participantes e pelos patrocinadores. Mesmo a imagem escolhida para ilustrar a
Conferência é extremamente eloquente: utilizou-se o detalhe da cena da Criação,
pintada por Michelangelo na abóbada da Capela Sistina, em que a mão de Deus Pai
se estende em direcção à mão de Adão; ambas as mãos, cobertas por luvas
cirúrgicas descartáveis, lembram as prescrições da liturgia sanitária,
sugerindo que o Senhor também possa espalhar o vírus.
Nesta representação sacrílega, a ordem da Criação é subvertida numa anticriação
terapêutica em que o homem se salva, torna-se o autor louco da própria “redenção”
sanitária; em vez da lavagem purificadora do Baptismo, a religião do COVID
propõe como único meio de salvação a vacina, portadora de enfermidade e de morte.
No lugar da Fé na Revelação de Deus encontramos a superstição e o assentimento
irracional a preceitos que nada têm de científico, com ritos e liturgias que
imitam a verdadeira Religião numa paródia sacrílega.
Esta opção de comunicação soa aberrante e blasfema, pois recorre a uma imagem
conhecida e evocativa para insinuar e promover a narrativa falsa e tendenciosa segundo
a qual, na presença de uma síndrome gripal cujo vírus ainda não foi isolado
segundo os postulados de Koch (aqui) e que pode
ser eficazmente curada com terapias existentes, seja necessário administrar
vacinas declaradamente ineficazes, ainda em fase de experimentação, com efeitos
colaterais desconhecidos e para cuja distribuição os produtores obtiveram um escudo
penal. As vítimas imoladas no altar do Moloch sanitário, desde as crianças
desmembradas até ao terceiro mês de gravidez para produzir o soro génico aos
milhares de pessoas mortas ou mutiladas, não param a máquina infernal da Big Pharma
e é para ser temida num ressurgimento do fenómeno no decorrer dos próximos
meses.
É caso para nos interrogarmos se o zelo de Bergoglio pela difusão do soro génico
não é motivado também por baixas razões económicas, qual compensação pelas
perdas sofridas pelo Vaticano e pelas Dioceses no seguimento do lockdown
e do colapso da frequência dos fiéis às Missas e aos Sacramentos. Por outro
lado, se o silêncio de Roma sobre a violação dos direitos humanos e religiosos
na China foi pago pela ditadura de Pequim com grandes prebendas, nada impede de
replicar o esquema em grande escala promovendo vacinas.
A Conferência terá, obviamente, o cuidado de não mencionar, mesmo que indirectamente,
o ensinamento perene do Magistério sobre questões morais e doutrinais da maior
importância. Por outro lado, o elogio cortesão da mentalidade mundana e do
pensamento dominante será a única voz, juntamente com o líquido repertório ecuménico
inspirado pela New Age.
Faço notar que foi o próprio Conselho Pontifício para a Cultura, em 2003, a
condenar a meditação yoga e, de maneira mais geral, o pensamento New Age como
incompatível com a Fé católica. Segundo o documento vaticano, o pensamento New
Age é caracterizado pelo facto de «partilhar com alguns grupos de influência
internacional o objectivo de suplantar e superar as religiões particulares para
dar lugar a uma religião universal capaz de unir toda a humanidade. Intimamente
ligado a esse fim está o objectivo concentrado de muitas instituições de
inventar uma ética global, uma estrutura ética que reflicta a natureza
global da cultura, da economia e da política contemporâneas. Além disso, a
politização das questões ecológicas acrescenta cor a toda a questão da hipótese
de Gaia ou do culto da Mãe Terra» (aqui). É
inútil recordar que as cerimónias pagãs, com as quais a Basílica de São Pedro
foi profanada, em honra do ídolo da pachamama se encaixam perfeitamente
na «politização das questões ecológicas» denunciada pelo documento vaticano
de 2003 e, hoje, promovida sine glossa pelo dito magistério de
Bergoglio, a começar por Laudato Sì e Fratelli Tutti.
Nossa Senhora, em La Salette, avisou-nos: «Roma perderá a Fé e tornar-se-á a
sede do Anticristo». Não será a Santa Igreja, infalível pelas promessas de
Cristo, a perder a Fé: será a seita que ocupa a Sé do Beatíssimo Pedro e que,
hoje, vemos propagandear o anti-evangelho da Nova Ordem. Já não é possível
calar-se, porque, hoje, o nosso silêncio tornar-nos-ia cúmplices dos inimigos
de Deus e do género humano. Milhões de fiéis estão revoltados com os inúmeros
escândalos dos Pastores, com a traição da sua missão, com a deserção daqueles
que, com a Sagrada Ordem, são chamados a dar testemunho do Santo Evangelho e
não a apoiar a instauração do reino do Anticristo.
Suplico aos meus Irmãos no Episcopado, aos sacerdotes, aos religiosos e, em
particular, aos fiéis leigos que se vêem traídos pela Hierarquia, que levantem
a voz, que expressem, com espírito de verdadeira obediência a Nosso Senhor,
Cabeça do Corpo Místico, uma denúncia firme e corajosa contra esta apostasia e
contra os seus autores. Convido todos à oração, para que a Divina Majestade se mova
de compaixão e intervenha em nosso auxílio. Possa a Santíssima Virgem, terribilis
ut castrorum acies ordinata, interceder junto do Trono de Deus, compensando
com os Seus méritos a indignidade dos Seus filhos que A invocam com o glorioso
título de Auxilium Christianorum.
† Carlo Maria Viganò, Arcebispo
0 Comentários
«Tudo me é permitido, mas nem tudo é conveniente» (cf. 1Cor 6, 12).
Para esclarecimentos e comentários privados, queira escrever-nos para: info@diesirae.pt.