Acaba de sair um livro, publicado
pela Cantagalli, que reúne textos de Plinio Corrêa de Oliveira sobre os anjos: A
milícia angélica. Os anjos no panorama actual da Igreja e do mundo (368 páginas).
Os trechos são extraídos de uma série de cinquenta conferências doutrinárias
sobre o assunto, feitas pelo conhecido pensador e homem de acção brasileiro nos
anos oitenta.
Depois de uma rigorosa análise teológica, na esteira de São Tomás de Aquino e
do Pseudo-Dionísio, o Areopagita, Corrêa de Oliveira desenvolve uma série de
considerações relacionadas à sua visão contra-revolucionária. A começar pela
necessidade absoluta de recorrer aos anjos para vencer a actual batalha: «A
Revolução tem um substrato satânico, do qual tira a sua influência sobre as
almas. Jamais poderemos vencê-la simplesmente com os tratados doutrinários.
Precisamos de uma resposta angélica. A meditação sobre os anjos, o amor pelos
anjos, a devoção aos anjos, poderia comunicar aos católicos uma espécie de
luminosidade angélica tão resplandecente a ponto de pôr o demónio em fuga. Ou,
às influências satânicas, contrapomos o esplendor da inocência angélica ou seremos
sempre oprimidos. (…) Fazer, hoje, a luta contra-revolucionária sem
recorrer aos anjos é como combater quinhentos dinossauros com uma espada».
A devoção aos anjos e, mais amplamente, a apresentação do universo angélico,
seria a resposta católica à modernidade: «A apresentação da doutrina sobre
os anjos seria um desafio ao materialismo moderno. Seria também a resposta
católica ao New Age e ao pentecostalismo, um convite aos homens a abandonarem
os pecados do mundo e a abrirem-se ao universo angélico. O estudo dos anjos permitir-nos-ia
vislumbrar uma espécie de universo maravilhoso, que poderia ser apresentado
como alternativa ao horror do mundo contemporâneo».
Seria também uma resposta aos problemas psicológicos que afligem os jovens actualmente:
«Vejo no homem contemporâneo, especialmente entre os jovens, muita
frustração pelo facto de viver num mundo sem anjos. O fenómeno hippie, por
exemplo, é um sintoma típico dessa frustração. Inicialmente, o homem
contemporâneo atirara-se para os braços da mecânica para escapar da sua necessidade
de transcendência. Agora está-se a atirar para os braços da magia. Isto marca
um ponto de inflexão na história da Revolução. Muitos contemporâneos não se
sentem mais atraídos pelo que o mundo moderno oferece. Estão à procura de um
outro modelo. Infelizmente, na ausência de um horizonte angélico, abrem-se,
muitas vezes, ao hediondo e ao oculto. Questiona-se se não poderiam, em vez
disso, ser atraídos pelo maravilhoso, que os convide aos grandes voos da alma e
lhes abra horizontes inesperados».
Em termos concretos, o recurso aos anjos seria uma saída para a crise dentro da
Igreja: «Muitas verdades de Fé, hoje esquecidas, virão novamente à tona quando
a acção angélica brilhar novamente com todo o seu fulgor. Na verdade, acredito
que, quando os anjos voltarem a habitar cada sector da Igreja, a acção do clero
progressista será neutralizada. Será uma limpeza geral. Portanto, devemos, a
partir de agora, rezar não só ao nosso anjo da guarda, mas, também e
principalmente, ao anjo da Igreja, pedindo-lhe que resolva a actual situação de
crise».
Isto implicaria uma nova catequese, uma nova música e também uma nova
iconografia angélica: «O estudo do universo angélico suporia uma abordagem
da beleza que, infelizmente, actualmente não é ensinada no Catecismo. Ao
contrário do secularismo moderno, que considera o mundo limitado à esfera
humana, a doutrina sobre os anjos abriria tais panoramas, atingiria tais
profundidades, que seria uma flor na lapela da catequese católica. É inútil
refutar intelectualmente os erros modernos, como o relativismo, se,
paralelamente, não realizamos um apostolado de beleza angélica. Isso é
especialmente indispensável com as novas gerações, muito mais abertas à beleza
do que os seus pais, ainda fascinados pelo progresso material da sociedade
industrial».
Infelizmente, desde os anos sessenta, se não antes, tudo na Igreja tem
caminhado na direcção oposta. Da liturgia à música, da catequese aos paramentos,
tudo se aplaina, se dessacraliza, torna-se monótono e insípido. Podemos surpreender-nos
que as igrejas estejam cada vez mais vazias? Excepto, porém, aquelas em que se
celebra a liturgia com o esplendor de sempre. Estas estão cheias, mais, transbordantes.
Para pedir o livro de Plinio Corrêa de Oliveira, em italiano, clicar aqui.
Julio Loredo
Através de Stilum Curiæ
1 Comentários
Muito obrigado por ter publicado este testo!
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