Para avaliar os méritos de um rito da
Missa, deve-se primeiro considerar a natureza da Missa. Ora, a Santa Missa nada
mais é do que o Santo Sacrifício do Calvário: o sacerdote é o mesmo, ou seja,
Jesus Cristo na pessoa do celebrante; a vítima é a mesma, isto é, Jesus Cristo sob
a aparência do pão e do vinho. O mesmo sacerdote, a mesma vítima: o mesmo
sacrifício. Cada rito da Missa da Igreja Católica torna presente este
sacrifício; existem muitos ritos, entre os quais o Rito Bizantino, o Rito Ambrosiano, o Rito Siro-Malabar, o novo rito de Paulo VI, mas, para avaliar um rito
particular, deve-se perguntar quão adequado é para o sacrifício do Calvário.
Sacrifício, Humildade e Reverência. Quanto ao Rito Romano antigo, devemos
imediatamente constatar que é muito adequado ao sacrifício do Calvário e isso
de três maneiras gerais, ou seja, o rito antigo manifesta claramente a natureza
sacrificial da Missa e a devida humildade e reverência daqueles que participam neste
Sacrifício.
O rito antigo manifesta a natureza sacrificial da Missa, antes de mais, no uso
de um altar sacrificial (em vez de uma mesa) que contém as relíquias dos Mártires,
um altar sacrificial numa posição elevada (como sugere a etimologia do termo
altar, ou seja, alta ara) que representa o Monte Calvário; manifesta a natureza
sacrificial da Missa no seu uso constante dos termos “sacrifício” e “oblação”,
e nos muitíssimos sinais da cruz.
O rito antigo manifesta humildade de várias maneiras, entre as quais os dois Confíteor,
com o recurso aos Anjos e aos Santos, a oração Dómine non sum dignus, por
três vezes, antes da Sagrada Comunhão, o bater no peito, por três vezes, no Confíteor
e no Dómine non sum dignus, e a Comunhão de joelhos e sobre a língua – porque
a Sagrada Comunhão não é um qualquer objecto de que nos apropriamos, mas o
próprio Deus que se recebe em toda a indignidade, humilhação e recolhimento.
O rito antigo também manifesta a reverência de todas essas maneiras e, além
disso, nas muitas reverências e genuflexões do celebrante; na sua atenção para
não deixar cair nenhum fragmento, nem mesmo o menor, do Santíssimo Sacramento, a
manter os dedos fechados e a purificar escrupulosamente a patena, o corporal,
os dedos e, da mesma forma, também o cálice.
Estes três aspectos do rito antigo – a sua clara manifestação do sacrifício, da
humildade, da reverência – são expressos, de forma exemplar, na oração Pláceat
Tibi, recitada pelo celebrante, no fim da Santa Missa, com uma profunda
reverência: «Santíssima Trindade, seja-Vos agradável a homenagem da minha
escravidão, a fim de que este sacrifício que, ainda indignamente, ofereci à
vossa divina majestade, seja aceite por Vós e, pela vossa misericórdia, se
torne propiciatório para mim e para todos aqueles por quem o ofereci. Por
Cristo, Nosso Senhor. Ámen».
Através de Radio Roma Libera
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