Hoje, no Dia da Memória das foibe,
queremos atentar no beato e mártir Francesco Bonifacio, que escreveu, em 1946, «Quem
não tem a coragem de morrer pela própria fé, é indigno de professá-la», e, no
mesmo ano, foi assassinado in odium fidei. Nasceu em Piran, hoje na
Eslovénia, à época no Império Austro-Húngaro, na Diocese de Trieste, era o
segundo de sete filhos. Depois da escola obrigatória, sentiu um forte chamamento
ao sacerdócio, pelo que se mudou para Koper, para o seminário, e, nessa época, ficou
órfão de pai. Concluiu os estudos teológicos em Gorizia e foi ordenado, na
Catedral de San Giusto, a 27 de Dezembro de 1936. Começou a exercer o seu
ministério em Piran e, poucos meses, depois foi-lhe atribuído o ofício de
vigário em Novigrad d’Istria, para onde se mudou com a mãe e dois irmãos, que,
desde então, o seguiram nas suas viagens. A 13 de Julho de 1939, foi nomeado
capelão de Villa Gardossi (também chamada de Crassizza), um município rural do
interior, entre Buje e Grožnjan. Neste contexto organizou o coro paroquial, fundou
a companhia de teatro amador e uma pequena biblioteca cívica, assim como
constituiu o núcleo da Acção Católica e trabalhou na promoção de actividades
recreativas e desportivas para os jovens e assistenciais para os idosos e, em
particular, para os doentes e os pobres.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a ocupação jugoslava dos territórios
anteriormente italianos, liderados pelo tirano comunista Tito, os habitantes daquelas
localidades começaram a ser acusados de colaboracionismo nazi e fascista, e
espalhou-se um verdadeiro ódio pelos católicos, em particular pelo clero e pelos
religiosos. Nos dramáticos anos que se seguiram ao 8 de Setembro de 1943, a
população da Ístria, encurralada entre os ocupantes alemães e a frente de
libertação de Tito, viveu o drama da perseguição, mesmo cruel, enquanto o P. Bonifácio,
com coragem, fazia o possível para a todos socorrer, para impedir execuções
sumárias, para defender pessoas e coisas.
A propaganda anti-religiosa era feroz e soprava em todos os lugares. O bispo de
Koper, Monsenhor Santin, foi atacado, enquanto o P. Miro Bulešić foi morto em
Lanischie. O serviço pastoral do P. Bonifácio foi objecto de boicote e de censura,
mas ele continuou o seu apostolado, a sua acção caritativa, o cuidado das
almas, envolvendo muitíssimos fiéis, especialmente os jovens, que o seguiram e
o amaram.
A 11 de Setembro de 1946, de acordo com os relatos de testemunhas, o P.
Francesco Bonifacio foi capturado, enquanto caminhava para casa, depois de ter
ido a Grožnjan para as confissões, por guardas populares e soldados jugoslavos,
e foi levado para uma floresta próxima. Despido, atingido com uma pedra no
rosto, acabaram-no com duas facadas, antes de ser assassinado em Villa
Gardossi, na Ístria. Mas os seus restos mortais nunca foram encontrados.
Lemos no site oficial da Diocese de Trieste: «No P. Francesco Bonifacio,
homem bom e pacífico, quiseram atingir o pastor de almas, identificando-se
nele, pela grande influência espiritual que gozava sobre toda a população, um
obstáculo intolerável à propagação da ideologia comunista. Defendeu bravamente
a fé do seu povo do ateísmo que se pretendia impor. Foi morto por ódio a Deus e
à sua Igreja, e pela fidelidade ao seu sacerdócio e ao seu ministério».
Monsenhor Antonio Santin, bispo de Trieste, iniciou a causa de beatificação dez
anos depois, em 1957, e, em 3 de Julho de 2008, o Papa Bento XVI promulgou o
decreto da Congregação para as Causas dos Santos, e a beatificação foi
celebrada, a 4 de Outubro do mesmo ano, na Catedral de San Giusto, em Trieste.
Desde 2005, uma praça do centro da capital de Friul-Veneza Júlia é intitulada ao
mártir Francesco Bonifacio.
O povo de Trieste, os Ístrios, os cidadãos de Novigrad, os Piranesi e os
habitantes de Villa Gardossi-Crassizza, todos os anos recordam e rezam ao
mártir das foibe comunistas, o P. Francesco Bonifacio, no mesmo dia do
aniversário do seu martírio, 11 de Setembro.
Na cripta do Santuário Maria, Mãe e Rainha de Monte Grisa (Trieste), uma placa
diz: «Neste altar, que Piran / ergue em homenagem ao seu patrono, / arde
como chama / a memória do seu jovem sacerdote / Francesco Bonifacio, / morto, a
11 de Setembro de 1946, / em ódio a Deus e ao seu santo sacerdócio».
Cristina Siccardi
Através de Radio Roma Libera
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