O portal Dies Iræ traduziu
e publica, em exclusivo para Língua Portuguesa, um novo comentário de S.E.R.
Mons. Carlo Maria Viganò sobre as últimas declarações de Jorge Mario Bergoglio.
Uma vez mais, Mons. Viganò apresenta-se do lado da Verdade, contrariando, de
modo muito claro, aqueles que, actualmente na lama, o acusavam de estar próximo
do “sedevacantismo”.
3 de Fevereiro de 2021
Sancti Blasii Episcopi et Martyris
Similes illis fiant qui faciunt ea,
et omnes qui confidunt in eis.
Ps 113, 16
Enquanto
as Nações, outrora católicas, introduzem, nas próprias legislações, o aborto e
a eutanásia, a ideologia de género e as núpcias sodomitas; enquanto, nos
Estados Unidos, um Presidente legitimamente eleito vê a Casa Branca ser
usurpada por um “Presidente” corrupto, depravado e abortista, nomeado com
gigantesca fraude, com o aplauso cortesão de Bergoglio e dos Bispos
progressistas; enquanto a população mundial é refém de conjurados e conspiradores
que lucram com a psicopandemia e a imposição de pseudo-vacinas ineficazes e
perigosas, a preocupação de Francisco concentra-se na catequese, num monólogo
encenado, no passado dia 30 de Janeiro, para o seleccionado público do Escritório
Catequético Nacional da CEI [1]
(aqui). O espectáculo foi oferecido por ocasião do LX aniversário da fundação
do Escritório Catequético, «instrumento indispensável para a renovação
catequética depois do Concílio Vaticano II».
Neste monólogo, escrito, com toda a probabilidade, por um qualquer pardo
funcionário da CEI, na forma de rascunho, e, depois, desenvolvido, sem
preparação, graças à improvisação em que se sobressai o Augusto orador, são,
pontualmente, usadas todas as palavras caras aos seguidores da igreja
conciliar, em primeiro lugar aquele kerygma que qualquer bom modernista
jamais pode omitir nas suas homilias, apesar de quase sempre ignorar o
significado do termo grego, que, muito provavelmente, nem sabe declinar sem
tropeçar em acentos e desinências. Obviamente, a ignorância de quem repete o
refrão do Vaticano II é instrumentum regni desde que ao Clero foi imposto
deixar de lado a doutrina católica para privilegiar a abordagem criativa
do novo rumo. É claro que usar a palavra anúncio em vez de kerygma
banalizaria os discursos dos iniciados, além de revelar a desdenhosa
intolerância da casta para com a Missa, obstinadamente agarrada à proibição nocionista
pós-tridentina.
Não é por acaso que os Inovadores detestam, com todas as forças, o Catecismo de
São Pio X, que, na brevidade e clareza das perguntas e respostas, não deixa
espaço à inventiva do catequista. Que deveria ser – e não é há sessenta anos –
aquele que transmite o que recebeu e não um fantasmal “memorioso” da história
da salvação que, de vez em quando, escolhe quais verdades transmitir e quais
deixar de lado para não melindrar os seus interlocutores.
Na misericordiosa igreja bergogliana, herdeira da igreja pós-conciliar (ambas
declinações de um espírito que de católico já não tem nada), é legítimo
discutir, contestar, rejeitar qualquer dogma, qualquer verdade da Fé, qualquer
documento magisterial e qualquer pronunciamento papal anterior a 1958. Visto
que, segundo as palavras de Francisco, se pode ser «irmãos e irmãs de todos,
independentemente da fé». Qualquer fiel compreende bem as gravíssimas
implicações do actual pseudo-magistério, que contradiz, descaradamente, o constante
ensinamento da Sagrada Escritura, da divina Tradição, do Magistério apostólico.
Todavia, a ingénua vítima de décadas de reprogramação conciliar dos Católicos
pode acreditar que, nesta babel composta de hereges, de contestatários e de
viciosos, resta, pelo menos, algum espaço também para os ortodoxos, os devotos
súbditos do Romano Pontífice e os virtuosos.
Todos irmãos, independentemente da fé? Este princípio de tolerante e indistinto
acolhimento não conhece limites, excepto, precisamente, o de ser Católico. Lemos,
de facto, no monólogo de Bergoglio, realizado, na Sala Clementina, a 30 de Janeiro:
«O Concílio é magistério da Igreja. Ou estás com a Igreja e, portanto, segues
o Concílio, e se não segues o Concílio ou o interpretas à tua maneira, à tua
própria vontade, não estás com a Igreja. Temos de ser exigentes e rigorosos
neste ponto. O Concílio não deve ser negociado para ter mais destes... Não, o
Concílio é assim. E este problema que estamos a enfrentar, da selectividade do
Concílio, repetiu-se ao longo da história com outros Concílios».
Tenha o leitor a bondade de não se alongar na incerta prosa do Nosso, que, na
improvisação, “sem preparação”, une o caos doutrinal ao massacre da sintaxe. A
mensagem do discurso aos Catequistas precipita na contradição as misericordiosas
palavras de Fratelli tutti, obrigando a uma necessária mudança do título
da carta “encíclica” para Todos irmãos, à excepção dos Católicos. E se é
muito verdadeiro e partilhável que os Concílios da Igreja Católica são parte do
Magistério, o mesmo não se pode dizer do único “concílio” da nova Igreja, que –
como já afirmei várias vezes – representa o mais colossal engano feito pelos Pastores
ao rebanho do Senhor; um engano – repetita juvant – que se realizou no
momento em que um conventículo de especialistas conjurados decidiu usar os
instrumentos de governo eclesiástico – autoridade, actos magisteriais,
discursos papais, documentos das Congregações, textos da Liturgia – com um
propósito oposto ao que o divino Fundador estabeleceu quando instituiu a Santa
Igreja. Ao fazê-lo, aos súbditos foi imposta a adesão a uma nova religião, cada
vez mais claramente anticatólica e, em definitivo, anticristã, usurpando a sagrada
Autoridade da velha, desprezada e depreciada religião pré-conciliar.
Encontramo-nos, portanto, na grotesca situação de ouvir negar a Santíssima
Trindade, a divindade de Jesus Cristo, a doutrina dos Sufrágios pelos defuntos,
os fins do Santo Sacrifício, a Transubstanciação, a perpétua Virgindade de
Maria Santíssima sem incorrer em qualquer sanção canónica (se assim não fosse,
quase todos os consultores do Vaticano II e da atcual Cúria Romana já estariam
excomungados); mas «se não segues o Concílio ou o interpretas à tua maneira,
à tua própria vontade, não estás com a Igreja». O comentário de Bergoglio a
esta exigente condenação de qualquer crítica ao Concílio deixa-nos,
verdadeiramente, incrédulos: «A mim, faz-me pensar tanto num grupo de bispos
que, depois do Vaticano I, foram embora, um grupo de leigos, grupos, para
continuar a “verdadeira doutrina” que não era a do Vaticano I. “Nós somos os
verdadeiros católicos”. Hoje, ordenam mulheres».
Deve-se notar que «um grupo de bispos, um grupo de leigos, grupos»
que se recusaram a aderir à doutrina definida, infalivelmente, pelo Concílio
Ecuménico Vaticano I foram condenados e excomungados imediatamente, enquanto,
hoje, seriam recebidos de braços abertos «independentemente da fé»; e
que os Papas que, então, condenaram os veterocatólicos, condenariam, hoje, o
Vaticano II e seriam acusados, por Bergoglio, de «não estar
com a Igreja». Por outro lado, as leitoras e as acólitas recém-inventadas não
anunciam nada mais senão o «hoje, ordenam mulheres» a que chegam,
invariavelmente, aqueles que abandonam o ensinamento de Cristo.
Curiosamente, a abertura ecuménica, o caminho sinodal e a pachamama não impedem
de mostrar-se intolerantes para com os Católicos que têm a única culpa de não
querer apostatar da Fé. No entanto, quando Bergoglio fala de «nenhuma
concessão para aqueles que tentam apresentar uma catequese que não esteja de
acordo com o Magistério da Igreja», nega-se a si mesmo e à suposta primazia
da pastoral sobre a doutrina, teorizada, em Amoris Lætitia, como conquista
de quem constrói pontes e não muros, para usar uma expressão cara aos cortesãos
de Santa Marta.
A partir de agora, poderemos actualizar o incipit do Símbolo Atanasiano:
«Quicumque vult salvus esse, ante omnia opus est, ut teneat Modernistarum
hæresim».
† Carlo
Maria Viganò, Arcebispo
[1] CEI –
Conferência Episcopal Italiana.
1 Comentários
Reparei que o Monsenhor Vigano está endurecendo suas palavras. Mas com a mais justa razão, pois já passou a hora de tirar esses farçantes de Roma. Já virou palhaçada.
ResponderEliminar«Tudo me é permitido, mas nem tudo é conveniente» (cf. 1Cor 6, 12).
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