Desde há meses, aumentam, a cada semana, as notícias
de prelados católicos que se declaram a favor das cerimónias de bênção das
uniões homossexuais. Os últimos a fazer tais declarações foram o recém-nomeado Arcebispo
de Dublin e o Bispo de Mainz, os quais, como era de se esperar, hipocritamente
acrescentaram que as apoiavam desde que não dessem a impressão de um casamento.
Por enquanto, o Papa Francisco já se pronunciou a favor do reconhecimento legal
das uniões homossexuais. Mas não disse uma palavra sobre uma eventual bênção
religiosa de tais uniões. Um facto escandaloso, ocorrido na sua Argentina natal,
não permite mais aquele silêncio cauteloso do pontífice.
O jornal argentino La Voz informa que,
no último sábado, um homem e uma “mulher” trans se casaram na igreja, «durante
uma cerimónia religiosa que teve todos os componentes tradicionais do culto
católico», na paróquia Nuestra Señora de la Merced, localizada no centro da
cidade de Ushuaia, capital da província de Tierra del Fuego.
Várias circunstâncias agravantes tornam o acto particularmente simbólico:
• Os “noivos” são duas figuras proeminentes no governo provincial, um é
Secretário da Educação da Província e o outro é Subsecretário da Diversidade.
• O próprio Governador provincial e vários membros do seu gabinete participaram
na cerimónia.
• Presente também a ex-Governadora, durante cujo mandato se celebrou, em 2009,
o primeiro “casamento” homossexual da América Latina.
• O acto religioso foi oficiado pelo próprio Pároco e não por qualquer padre
secundário e desconhecido.
• A paróquia e o sacerdote são salesianos, a congregação religiosa mais importante
da Terra do Fogo, e o templo é central e importante na capital.
• Durante a cerimónia, foi feita uma “promessa de fidelidade dos esposos”, foi
lido o Evangelho e rezado o Pai-Nosso e a Ave-Maria.
• Segundo a imprensa, os “noivos” teriam
recebido a Sagrada Comunhão.
• O trans que fazia as vezes de “noiva” declarou à agência Telam: «É um momento
muito significativo para o colectivo LGBTIQ+, porque é um lugar que nos foi
negado, como tantas outras coisas. É por isso que pensamos nisso como um acto
de reconciliação e como um regresso ao lar, neste caso a casa de Deus».
Segundo o mesmo transgénero, o pároco, «bem entendido, fez consultas ao
bispado». Em comunicado posterior, o Bispo limitou-se a afirmar que «não
autorizou a cerimónia religiosa» e que o celebrante «foi devidamente
advertido». Mas acrescentou, de maneira sibilina: «Enquanto acompanhamos
todas as pessoas, sem excepção, no seu desejo legítimo de receber a bênção de
Deus, fazemos constar que neste caso não se trata do sacramento do matrimónio
tal como a Igreja o conceitua e apoia».
Sendo o Papa originário da Argentina e sendo público e notório que segue de
perto tudo o que acontece no seu país natal, um silêncio da sua parte sobre
esta cerimónia escandalosa e sacrílega seria interpretado, pela opinião pública
e pelos católicos, como uma aprovação tácita de tudo o que aconteceu.
Com a palavra, o Papa Francisco.
José Antonio Ureta
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