Maria 2.0, um colectivo que agrupa
feministas católicas na Alemanha, pregou, nas portas de numerosas igrejas alemãs,
as suas “sete teses”, propostas radicais às quais a Conferência Episcopal Alemã
respondeu com a sua “compreensão”.
Sim, como Lutero, só que não consta que Lutero o tenha feito. Mas o simbolismo
é poderoso: o que estão a dizer com um acto tão reconhecível é que as suas
demandas ou são atendidas ou estabelecem a sua própria igreja. Duvidamos que,
hoje, tenham o mesmo êxito que na época do heresiarca alemão, quando o
cristianismo era a cosmovisão comum de todo o povo.
As líderes de Maria 2.0 garantem que, lenda ou não, o acto inaugurou, nos
tempos de Lutero, “um grande movimento”, e é isso que pretendem as mulheres do
grupo. Que este “grande movimento” está a acontecer na própria Alemanha, que podem
transmiti-lo quando quiserem e que não se pode dizer que se está a viver, hoje,
uma época de ouro não se inclui no seu manifesto.
Vamos às teses. Dirigidas a «todas as pessoas de boa vontade», exigem nelas
uma Igreja com equidade de género, na qual todas as pessoas tenham acesso a
todos os cargos, além de responder às causas da violência de género com
educação, perseguição e combate. Também se exige a aceitação agradecida da «sexualidade
autodeterminada» e a abolição do celibato obrigatório. Tudo terrivelmente
original.
Também carregam as teses contra «a pompa, as transacções financeiras
duvidosas e o enriquecimento pessoal dos que tomam as decisões na Igreja».
Falar de «pompa» na Igreja moderna soa a sarcasmo, mas deixemos passar.
A Igreja, dizem, deve administrar, de maneira responsável e sustentável, os
bens que lhe foram confiados de acordo com os princípios cristãos. Nada a objectar.
A liderança da Igreja arruinou a sua credibilidade e, por isso, não consegue «fazer
ouvir a sua voz de forma convincente e trabalhar por um mundo justo no espírito
do Evangelho». A Igreja continua a ser relevante para as pessoas, a
sociedade e o meio ambiente: «O nosso mandato é a mensagem de Jesus Cristo.
Actuamos sobre ele e enfrentamos o discurso social».
Naturalmente, não houve nenhum herege na história que não tenha alegado que a
sua é «a mensagem de Jesus Cristo». Mas há uma diferença de peso entre a
acção de Lutero e a destas mulheres: o heresiarca alemão opunha-se à doutrina
que era o pensamento comum na sua época e contava com a cerrada oposição de
bispos e prelados.
Maria 2.0, pelo contrário, nada mais faz do que repetir, como papagaios amestrados,
os slogans, com os quais o mundo nos bombardeia, a cada dia, de todos os
ângulos, aplicados à Igreja. É mais uma submissão do que uma rebelião.
Por outro lado, os bispos alemães não pretendem opor-se a estas mulheres. O
porta-voz da Conferência Episcopal, Matthias Kopp, expressou a sua compreensão
pelo desconforto que sentem muitos católicos. “Sabemos que se requerem mudanças.
Foi por isso que a Conferência Episcopal Alemã lançou o Caminho Sinodal para abordar
estas questões”, disse Kopp, segundo informa Katholisch.de. Não diz se a declaração
foi acompanhada por uma piscadela e uma cotovelada.
Carlos Esteban
Através de InfoVaticana
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