No
passado dia 14 de Janeiro, um dia depois de terem sido comunicadas, pelo
Governo português, as medidas para o novo “confinamento geral” e quando a
Igreja, segundo a liturgia tradicional, fazia memória de Santo Hilário, corajoso
bispo do século IV, os, pelo contrário, temerosos bispos portugueses, por meio
de um comunicado do Conselho Permanente da supervacânea Conferência Episcopal,
ordenaram a suspensão ou o adiamento, «para momento mais oportuno, quando a
situação sanitária o permitir»[1],
dos Baptismos, dos Crismas e dos Matrimónios. Mesmo que o Governo socialista
(pasme-se!) tenha “permitido” as celebrações religiosas, os lânguidos prelados
optaram, «conscientes da gravíssima situação de pandemia que vivemos neste
momento»[2],
por se tornar, uma vez mais, subservientes aos poderes mundanos, descurando,
assim, por completo, a reverência e a obediência que devem a Deus e que juraram
aquando da ordenação sacerdotal. Já se percebeu que, desafortunadamente, os
bispos lusos, sem qualquer excepção, preferem dar-se bem com todos em
detrimento da defesa dos direitos divinos e da salvação das almas. De mais a
mais, não foi por acaso que, por ocasião da protestantizante “reforma
litúrgica”, a festa de Cristo Rei, que até então se celebrava no último domingo
de Outubro, foi mudada para o final do ano litúrgico. Há muito que, para estes
clérigos, a realeza de Nosso Senhor Jesus Cristo foi mandada para canto.
Procurando “escudar-se” com a desculpa do COVID-19, que dá imenso jeito para
muita coisa, os bispos privam as crianças de serem baptizadas, esquecendo-se,
supõe-se, que a salvação das almas não ficou suspensa enquanto esta «gravíssima
situação de pandemia»[3]
se mantiver. Bem pelo contrário, esta é mais uma oportunidade que Deus nos dá
para nos arrependermos e convertermos. Por acaso, alguém se esqueceu dos tantos
doentes que morreram sem os últimos Sacramentos? Onde estava a Conferência
Episcopal quando os capelães hospitalares foram proibidos de administrar os
Sacramentos aos enfermos e moribundos? Onde estava a Conferência Episcopal
quando os párocos, salvo raras e edificantes excepções, fecharam as suas
igrejas e se evaporaram das comunidades que lhes foram confiadas? É a esse
“cheiro a ovelha” que se referem? Nesse caso, ao contrário daquilo que disse
Nosso Senhor, os pastores preferiram, em nome da saúde do corpo, abandonar à
própria sorte o seu rebanho, comprometendo, deste modo, e em muitos casos
irremediavelmente, a saúde da alma! Falharam, falharam em toda a linha e só
voltaram, de forma sorrateira, quando se aperceberam da enorme quebra económica
que os atingiu. De vez em quando, convém avivar a memória: «Está escrito: A
minha casa há-de chamar-se casa de oração, mas vós fazeis dela um covil de
ladrões» (Mt 21, 13). E o que dizer, então, da suspensão ou do adiamento
dos Baptismos? Como me dizia um sacerdote, por ocasião da publicação do ominoso
texto episcopal, teria sido esta a ocasião adequada para se fazer catequese e
consciencializar os pais e educadores das crianças para o dever de as baptizarem
mesmo na ausência de um sacerdote. Diz o Código de Direito Canónico, na versão
de 1983: «Na ausência ou impedimento do ministro ordinário, baptiza
licitamente o catequista ou outra pessoa para tal designada pelo Ordinário do
lugar, e mesmo, em caso de necessidade, qualquer pessoa movida de intenção
recta; os pastores de almas, em especial o pároco, sejam solícitos em que os
fiéis aprendam o modo correcto de baptizar» (861 § 2). Ora, os pastores
não só não consciencializaram os fiéis deste dever moral, como não falam dele.
Pecam por omissão, assim como peca contra a caridade todo aquele que condena
uma criança a viver na incerteza do seu destino último!
Como se pode constatar, os bispos decidiram hibernar e, a par disso, optaram
por confinar os Sacramentos, principalmente aquele que é imprescindível para a
salvação da alma. Desgraçadamente, estão mais preocupados com o COVID-19 do que
com os 48 milhões de bebés que, em 2020, foram brutalmente assassinados, pelo
aborto, no ventre materno. Logo, o que mais importa, pelo que vemos, é ser submisso
ao príncipe das trevas do que ao Rei dos Reis! Oportunas são, nesta ocasião, as
palavras do já aludido Santo Hilário: «Tu combates contra Deus, tu
desembestas-te contra a Igreja, tu persegues os santos, os pregadores de
Cristo, tu esmagas a religião, tirano não mais em matéria profana, mas em
matéria religiosa»[4].
A Santíssima Virgem, porta do céu, nos livre de, em momento algum, estas
palavras nos serem dirigidas!
D.C.
[1] http://www.conferenciaepiscopal.pt/v1/comunicado-do-conselho-permanente-da-cep-sobre-o-novo-confinamento-c-audio/
[2] Idem.
[3] Idem.
[4] Contra
Constantium Augustum liber.
1 Comentários
Hibernar é simpático mas apostasiar talvez seja mais parece ser um termo mais bíblico e, portanto, mais aplicável ao que se está a passar por todo o mundo. A apostasia geral de que falava S. Paulo já se iniciou com Lutero e, mesmo antes, com a Renascença mas agora que o buraco foi aberto e as nuvens de gafanhotos nos obscurecem pelas luzes da televisão vemos com mais nitidez essas sombras dos que não são quentes nem frios fugindo apressadamente e fechando as portas da "suas" casas que são as portas das nossas igrejas...
ResponderEliminar«Tudo me é permitido, mas nem tudo é conveniente» (cf. 1Cor 6, 12).
Para esclarecimentos e comentários privados, queira escrever-nos para: info@diesirae.pt.