Traduziu-se e publica-se uma nova declaração de Mons.
Carlo Maria Viganò, desta feita sobre as vacinas contra o COVID-19 e, em
particular, em relação à imposição bergogliana da vacinação na Santa Sé. Uma vez mais, é de grande consolação a firmeza doutrinal do Arcebispo Viganò em questões tão relevantes e fundamentais.
14 de
Janeiro de 2021
S. Hilarii Episcopi Confessoris Ecclesiæ Doctoris
Há alguns
dias, no Canale5, foi transmitida uma entrevista a Jorge Mario Bergoglio no inusitado
papel de sponsor das empresas farmacêuticas. Tínhamo-lo visto no papel
do político, do sindicalista, do promotor da imigração selvagem, do apoiante do
acolhimento dos clandestinos, do filantropo: em todas essas metamorfoses
emergiu sempre, ao lado da capacidade de se abstrair totalmente do seu papel
institucional, a índole multifacetada do Argentino, que agora descobrimos promoter
das empresas farmacêuticas, convicto apoiante das vacinas e zeloso supporter
de quem, desde há um ano, usa o COVID como um meio de controlo das massas para
impor o Great Reset, desejado pelo World Economic Forum.
Que a vacina não dê nenhuma garantia de eficácia, mas, pelo contrário, possa
induzir graves efeitos colaterais; que, nalguns casos, seja produzida a partir
de células fetais abortivas e, por conseguinte, seja absolutamente
irreconciliável com a Moral católica; que os tratamentos com o plasma
hiperimune ou com protocolos alternativos sejam boicotados, apesar das
evidências da sua validade, pouco importa ao novo “especialista” que, do nada das
suas competências médicas, vem recomendar aos fiéis a vacinação, ao mesmo tempo
que impõe aos cidadãos do Vaticano, com autoridade soberana, submeter-se ao
discutível tratamento em nome de um não melhor definido «dever ético». A
tétrica Sala Paulo VI foi emblematicamente escolhida como templo para celebrar
este novo rito sanitário, oficiado pelos ministros da religião do COVID, para
garantir, certamente, não a salvação das almas, mas a ilusória promessa de uma saúde
do corpo.
É desconcertante que, depois de ter demolido, sem escrúpulos, não poucas
verdades católicas em nome do diálogo com hereges e idólatras, o único dogma
que Bergoglio não esteja disposto a renunciar seja, precisamente, o da
obrigação da vacinação – repare-se bem: dogma por ele unilateralmente
definido sem qualquer procedimento sinodal! –, dogma diante do qual se
poderia esperar um mínimo de prudência, senão ditado pela consistência moral,
pelo menos pelo escrúpulo utilitarista. Porque mais cedo ou mais tarde, quando se
virem os efeitos da vacina na população; quando se começarem a contar os mortos
e os que ficarem diminuídos, para o resto da vida, por causa de um medicamento
ainda em experimentação, alguém poderá pedir contas àqueles que tenham sido
defensores muito convictos daquela vacina. A esse ponto, será natural redigir
uma lista na qual, aos auto-proclamados “especialistas”, aos virologistas e
imunologistas em conflito de interesses, aos entomologistas pagos pela Big
Pharma, aos veterinários com ambições científicas, aos jornalistas e comentadores
financiados pelo governo, e aos actores e cantores da desgraça, também se juntam
Bergoglio, como testimonial de excepção, e Prelados que o seguem, os
quais, em virtude da autoridade que lhes é reconhecida, convenceram os ignaros súbditos
a prestarem-se à inoculação da dita vacina. E se, hoje, a falta de competências
específicas não parece ser um argumento suficiente para conduzi-los, pelo
menos, a um sábio silêncio, a essa altura os “não sabia”, “não podia imaginar”,
“não era a minha área de conhecimento” serão julgados como agravante, como é
justo que o sejam. Stultum est dicere putabami.
Certo, na igreja bergogliana pode-se legitimar, de facto, o concubinato com Amoris
lætitia, a ponto
de o Avvenire hoje falar de «homogenitorialidade» com a
desenvoltura de um panfleto de propaganda de género; pode-se celebrar, em São
Pedro, um rito idólatra à Mãe Terra para piscar o olho ao ambientalismo
malthusiano; pode-se mudar a matéria do Sacramento da Ordem conferindo os ministérios
às mulheres; pode-se declarar a pena de morte imoral, mas calar desenvoltamente
sobre o aborto; pode-se administrar a Comunhão aos pecadores públicos, mas negá-la
àqueles que desejam recebê-la na língua para não cometer sacrilégio; pode-se – como
acontece na Irlanda – negar aos alunos das escolas católicas o acesso à sala de
aula se não forem vacinados. No entanto, essas gritantes adulterações da
doutrina católica – em perfeita continuidade ideológica com a revolução
conciliar – são acompanhadas pela férrea e inabalável profissão de fé numa “ciência”
que culmina no esoterismo e na superstição. Por outro lado, quando se deixa de crer
em Deus, pode-se acreditar em qualquer coisa.
Assim, se para Bergoglio pertencer à única Igreja de Cristo, através do Baptismo,
é, em última análise, supérfluo para a salvação eterna de uma alma, o rito
iniciático da vacina é proclamado, ex cathedra, indispensável para a
saúde física do indivíduo e, como tal, é apresentado como inadiável e
necessário. Se é possível deixar de lado a Verdade revelada, em nome do
ecumenismo e do diálogo inter-religioso, também não é legítimo questionar os
dogmas do COVID, a revelação mediática da pandemia, o sacramento salvífico da
vacina. E se, com Fratelli tutti, se pode teorizar a fraternidade universal,
prescindindo da fé no único Deus vivo e verdadeiro, não é possível nenhum
contacto com os chamados “negacionistas”, nova categoria de pecadores vitandi,
para os quais a inquisição sanitária e a excomunhão mediática devem punir o
herege e ser uma advertência para o rebanho. «Se alguém vier até vós e não
traz esta doutrina, não o recebais em vossa casa nem o saudeis», adverte
São João (2 Jo, 10). Bergoglio deve ter entendido mal, por isso saúda e abraça
abortistas e criminosos, mas não se contamina com os No-vax.
Não escapará que este dogmatismo cientista – que horrorizaria os mais acérrimos
defensores da primazia da ciência sobre a religião – seja propagado,
precisamente, por quem não é cientista, do influencer a Bergoglio, do
atleta a Biden, do especialista ao político: todos ansiosos por dar o braço
diante das câmaras; mas, depois, descobriram, pelos vídeos, que, em muitos
casos, a agulha da seringa está coberta pela tampa ou que o líquido inoculado é
transparente, enquanto o soro da vacina deveria ser opaco. Obviamente, estas
são objecções que os sumos sacerdotes do COVID rejeitam com desdém: o mysterium
é parte da ritualização da acção sagrada, assim como o sacramentum
realiza o que simboliza; inocular a vacina com a agulha retráctil ou sem
pressionar o êmbolo da seringa serve para dramatizar a mensagem a ser
transmitida às massas de crentes. E as vítimas do rito, aquelas que, para o bem
de todos, se oferecem, dóceis, à miragem de uma imunidade que nem mesmo Pfizer,
Moderna ou AstraZeneca ousam garantir, representam o sacrificium, também
esse parte da nova religião sanitária. Vendo bem, os inocentes abortados, ao
terceiro mês, para produzir algumas vacinas, parecem, realmente, constituir uma
espécie de sacrifício humano para propiciar os poderes infernais, numa terrificante
paródia que só os ímpios podem fingir não ver.
No grotesco delírio cerimonial não falta sequer a Nota da Sagrada Congregação
para o Culto Divino que, com desprezo pelo ridículo, até promulga, em
claudicante latim, as instruções sobre como impor as Sagradas Cinzas: «Deinde
sacerdos abstergit manus ac personam ad protegendas nares et os induit». A
purificação das mãos com o detergente e o uso da máscara são cientificamente
inúteis, mas simbolicamente necessários para a transmissão da fé
expressa pelo rito. E, exactamente nisso, entendemos quão verdadeiro e válido é
o antigo adágio de Próspero da Aquitânia «Lex orandi, lex credendi»,
segundo o qual a maneira como se reza reflecte aquilo em que se crê.
Alguém objectará, na lamentável tentativa de evitar o total colapso do Papado
por Bergoglio, que as opiniões por ele expressas são e permanecem opináveis,
e que,
portanto, não há obrigação para o Católico
de se submeter a uma vacina que a sua consciência e a Moral natural lhe mostram
como imoral. Mas é, justamente, no Canale5 que se explicita o novo “magistério
papal”, assim como no avião se definiu o dogma LGBT do «Quem sou eu
para julgar» e, numa nota de rodapé de Amoris lætitia, é
negada a indissolubilidade do Matrimónio em nome da pastoral. Políticos lançam tweets
nas redes sociais, os ditos especialistas pontificam nas salas televisivas, os
prelados pregam nas entrevistas: não nos surpreendamos se, um dia, Bergoglio
aparecer num anúncio publicitário como testimonial de trotinetas eléctricas.
Os Católicos, iluminados pelo sensus fidei que, instintivamente, lhes
sugere o que choca com a Fé e a Moral, já entenderam que o papel de pracista de
produtos sanitários é apenas uma das tantas partes desempenhadas pelo
multifacetado Bergoglio. O único papel que ele insiste em não querer cumprir – por
evidente incapacidade, por conatural impaciência ou, melhor, por deliberada
escolha desde o princípio – é o de Vigário de Cristo. O que, no mínimo, revela
quais são os referentes do Argentino, qual a ideologia que o inspira, quais os
propósitos que se propõe e os meios que pretende adoptar para alcançá-los.
† Carlo
Maria Viganò, Arcebispo
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