Enquanto
a política se inflama sobre questões ligadas ao COVID, às máscaras e aos
bloqueios, numa época que fez do vírus chinês e da sobrevivência física a esse o
único problema do mundo, esquece-se que, em 2020, em todo o planeta, estimam-se
1,8 milhão de vítimas (dados da Universidade Johns Hokins) da epidemia (um
número excessivo, dado que várias pessoas que morreram de ataques cardíacos ou
outras doenças foram contadas como mortes de COVID apenas porque tiveram
resultado positivo), nada em comparação com os 42 milhões de bebés mortos nos
úteros maternos (um número defeituoso se pensarmos nas pílulas abortivas, do
dia seguinte e dos cinco dias seguintes).
Em suma, a principal causa de morte é o homicídio voluntário dos inocentes,
perpetrado por lei e, geralmente, patrocinado como direito humano pela mesma
esquerda que, hipocritamente, culpa quem sai de casa ou baixa a máscara por ser
um contagionista egoísta e sem piedade. E o que dizer de quem, para não sentir
o peso das próprias acções, tira delas o fruto, ainda que seja um ser sem culpa
e sem voz? O que dizer de quem, para não enfrentar a responsabilidade de um
filho ou o peso de se separar dele para o seu bem (como no caso da adopção),
prefere matá-lo com o consentimento dos progressistas que gostam de se
apresentar como altruístas?
Obviamente, o mundo cala-se, finge que nada aconteceu, sendo cúmplice o mundo mediático
que, certamente, não dedica uma única linha às notícias dos abortos, ao invés
disso, aterroriza, quase há um ano, os cidadãos ao falar de um vírus, de grande
difusão mas de baixa mortalidade (entre 1 e 3 por cento, enquanto, por exemplo,
o ébola pode chegar a 90), que empalidece diante dos homicídios no útero.
A dar a notícia dos 42 milhões de mortes de inocentes às mãos das mães, muitas
vezes com a cumplicidade dos pais, dos médicos e do Estado, foi Worldometers
(retirado de The Christian Post), juntando todos os valores, divulgados
pela Organização Mundial da Saúde, dos diferentes países. Resultou que a
segunda causa de morte (13 milhões) de 2020 foram todas as doenças
transmissíveis (como a malária, que mata quase um milhão todos os anos, ou o
HIV, que afecta, principalmente, os países em desenvolvimento). Segue-se o
cancro, que fez 8,2 milhões de vítimas, o tabagismo (5,1 milhões) e o álcool
(2,5 milhões). Só a este ponto aparece o Coronavírus, seguido dos acidentes
rodoviários (1,4 milhão) e dos suicídios que, em 2020, foram 1,1 milhão.
Mas, precisamente, governos e informação estão a fazer do vírus chinês o único
problema sanitário, colocando todas as outras doenças em segundo plano. Claro
que se pode fazer muito menos contra os acidentes rodoviários (a menos que se
comece a proclamar que quem leva o carro é um egoísta que se coloca a si mesmo
e aos outros em risco), também se pode fazer pouco contra o cancro (mesmo se é
uma grande responsabilidade dos nossos governos terem parado, por causa do COVID,
operações e quimioterapias). Mas porquê que o Estado não faz campanhas igualmente
pesadas sobre o fumo e o álcool? Por que não se questiona sobre o motivo dos
suicídios crescentes? Por que não lamenta os mortos de malária que, desde há
anos, faz vítimas mesmo entre os pequenos africanos? Mas, sobretudo, se o seu problema
é, efectivamente, salvar as vidas, por que não faz de tudo para evitar o
aborto, que é diferente do COVID e facilmente contido?
Talvez porque a lógica por trás de tudo seja uma só: o lucro, o controlo da
população e o poder. Não é por acaso que os grandes patrocinadores de bloqueios
e vacinas sejam os mesmos que pregam a redução dos nascimentos por meio da
distribuição de contraceptivos nos países pobres. Não é por acaso que grandes
multinacionais estão por trás do fumo e do álcool, enquanto as empresas farmacêuticas
se nutrem da fraqueza e das doenças da população. Enfim, tanto no caso das
políticas sanitárias quanto nas relacionadas aos nascimentos e ao aborto,
assiste-se a um controlo e a uma manipulação que empurra o Homem a viver
pensando que age livremente (fechar-se em casa ou abortar) sem se perceber o
quanto é, em vez disso, manipulável.
E assim, enquanto até os católicos decidem votar falando de distensão e de paz
social, iludindo-se que a “dialogante” esquerda é preferível à direita
belicista, milhões de mortes continuam a pesar sobre os nossos ombros. Mesmo
que as escondamos por trás daquelas máscaras que nos fazem sentir cidadãos
responsáveis ao falar de respeito pelos outros.
Benedetta Frigerio
Através de La Nuova Bussola Quotidiana
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