No passado dia 12 de Dezembro, festa de
Nossa Senhora de Guadalupe, Sua Eminência o Cardeal Raymond Burke, Patrono da Ordem Soberana e Militar de Malta, pronunciou,
no Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, em La Crosse, nos Estados Unidos da
América, do qual é o fundador, uma muito consoladora homilia que está a ter
grande repercussão a nível mundial. Assim, o portal católico Dies Iræ traduziu,
para português, o original inglês, possibilitando uma mais acessível leitura do
texto integral.
Seja
louvado Nosso Senhor Jesus Cristo!
Viemos a Nossa Senhora de Guadalupe, no dia da sua festa, com os corações
angustiados e pesados. A nossa nação atravessa uma crise que ameaça o seu
próprio futuro enquanto livre e democrático. A difusão mundial do materialismo Marxista,
que já trouxe destruição e morte às vidas de tantas pessoas, e que ameaçou as
fundações da nossa nação durante décadas, parece tomar agora o poder de governo
sobre a nossa nação.
Para obter ganhos económicos, nós, como nação, permitimos que nos tornássemos
dependentes do Partido Comunista Chinês, uma ideologia totalmente oposta aos
alicerces Cristãos sobre os quais as famílias e a nossa nação permanecem
seguras e prosperam.
Falo dos Estados Unidos da América, mas é evidente que muitas outras nações
estão a passar por uma semelhante e alarmante crise.
Depois, há o misterioso vírus Wuhan, sobre cuja natureza e prevenção os mass
media nos fornecem, diariamente, informações contraditórias. O que está
claro, no entanto, é que tem sido usado por certas forças, inimigas das
famílias e da liberdade das nações, para fazer avançar a sua agenda maligna. Estas
forças dizem-nos que, agora, somos os sujeitos do chamado “Great Reset”, o “novo
normal”, que nos é ditado pela sua manipulação dos cidadãos e das nações por
meio da ignorância e do medo.
Agora, devemos encontrar numa doença e na sua prevenção a maneira de entender e
dirigir as nossas vidas, ao invés de em Deus e no Seu plano para a nossa
salvação. A resposta de muitos bispos e padres, e de muitos fiéis, manifestou
uma lamentável falta de sólida catequese. Na Igreja, muitos parecem não compreender
como Cristo continua a sua obra salvadora em tempos de peste e de outros
desastres.
Além disso, a nossa santa Mãe Igreja, a imaculada esposa de Cristo, na qual
Cristo está sempre a trabalhar para a nossa eterna redenção, é cercada por
relatos de corrupção moral, especialmente em questões dos sexto e sétimo
mandamentos, que parecem aumentar todos os dias. Na nossa própria nação, os
relatos sobre Theodore McCarrick têm, justamente, tentado muitos Católicos
devotos a questionar os pastores, que, de acordo com o plano de Cristo para a
Igreja, devem ser os seus guias seguros, ensinando as verdades da fé, conduzindo-os
à adoração e à oração a Deus, e guiando-os por meio da disciplina perene da
Igreja.
Muito frequentemente, os fiéis não recebem nenhuma resposta ou recebem uma
resposta que não se baseia nas verdades imutáveis a
respeito da fé e da moral. Recebem
respostas que parecem vir não de pastores, mas de administradores seculares.
A confusão a respeito do que a Igreja realmente ensina e exige de nós, de
acordo com o seu ensinamento, gera divisões cada vez maiores dentro do Corpo de
Cristo. Tudo isto paralisa a Igreja na sua missão de testemunho da verdade
divina e do amor divino, num tempo em que o mundo nunca mais precisou da Igreja
como farol. Nos confrontos com o mundo, a Igreja deseja falsamente acomodar-se-lhe,
em vez de o chamar à conversão em obediência à lei divina escrita em cada
coração humano e revelada em plenitude na encarnação redentora de Deus Filho.
Estes graves problemas, é claro, apresentam um formidável desafio para a vida
Cristã quotidiana. O impacto da crise no mundo e na Igreja é profundo para
todos nós. Muitos estão a suportar o sofrimento mais doloroso, físico,
emocional e espiritual, que tal situação necessariamente causa.
Num momento em que precisamos de estar próximos uns dos outros no amor Cristão,
as forças mundanas isolam-nos e fazem-nos acreditar que estamos sozinhos e
dependentes de forças seculares que nos tornarão escravos da sua agenda ímpia e
assassina.
Sim, o nosso coração está compreensivelmente pesado, mas Cristo, por
intercessão da sua Virgem Mãe, eleva o nosso coração ao seu, renovando a nossa
confiança n’Ele, que nos prometeu a salvação eterna na Igreja. Ele nunca será
infiel às suas promessas. Ele nunca nos abandonará. Não nos deixemos enganar
pelas forças do mundo e por falsos profetas. Não abandonemos Cristo e não
procuremos a nossa salvação em lugares onde nunca poderá ser encontrada.
Nunca esqueçamos as palavras com que Nossa Senhora se identificou na sua
primeira aparição a São Juan Diego: «Sabe e entende, tu és o mais humilde
dos meus filhos. Eu sou a Sempre Virgem Maria, Mãe do Deus Vivo por quem nós
vivemos, do Criador de todas as coisas, Senhor do céu e da terra. Desejo que um
templo seja construído aqui rapidamente; então, Eu poderei mostrar todo o meu
amor, compaixão, socorro e protecção, porque Eu sou a vossa piedosa Mãe e de
todos os habitantes desta terra e de todos os outros que me amam, invocam e
confiam em mim».
Que o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, aqui, seja sempre um digno
instrumento pelo qual o Imaculado Coração de Maria atraia a si os corações e os
conduza ao glorioso e trespassado Coração de Jesus, à única fonte de cura e de força
nesta vida e para a vida eterna.
Raymond Leo Card. Burke
12 de Dezembro de 2020
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