Dois dias
após o encerramento das urnas, ainda é incerto quem tenha ganho as eleições
presidenciais americanas. Em vez disso, outros dados surgidos das eleições
(para Presidente, Congresso, Governadores e iniciativas populares) já foram
estabelecidos:
1. Deixando de lado os Estados a respeito dos quais ainda não há uma palavra
definitiva (Arizona, Nevada, Geórgia, Carolina do Norte, Pensilvânia, Michigan,
Wisconsin), os dois candidatos à presidência (Trump e Biden) mantiveram os
mesmos votos eleitorais que Trump e Clinton acumularam em 2016[1].
Há aqui um clamoroso desmentido de grande parte dos sondagistas que, durante
meses, tinham anunciado a falsa ideia (construída para influenciar o
eleitorado?) de que Biden esmagaria Trump. Ao contrário, num Estado chave como
a Flórida (tomando apenas um exemplo entre os outros), Trump ampliou a base
eleitoral dos Republicanos, vencendo com uma diferença muito maior do que há
quatro anos, com um grande número de apoiantes na comunidade de origens latino-americanas.
2. No Senado parece ter permanecido uma maioria republicana, enquanto, na
Câmara dos Representantes, os Democratas (pelo menos com base nos dados
disponíveis até agora) perderam cinco lugares. Mais uma vez, os eleitores
desmascararam a hipótese dessa onda democrata que os anti-Trumpianos tinham
previsto (ou, melhor, esperado) antes das eleições. O facto de o Senado
permanecer nas mãos dos Republicanos, independentemente de como terminar a
batalha pela presidência, é significativo para impedir qualquer tentativa de
regime despótico que os Democratas pudessem, eventualmente, tentar (do aumento
dos Estados para 52, para ter mais senadores Democratas com a elevação a Estado
dos Distritos de Columbia e Porto Rico, ao condicionamento do Supremo Tribunal
com o aumento do número dos juízes).
3. Que as eleições não foram absolutamente um dilúvio democrata é ulteriormente
confirmado pelo facto de que, nas eleições para os Governadores, o único caso
de reversão política ocorreu a favor dos Republicanos, que reconquistaram o
governo de Montana.
4. Quanto às iniciativas populares vinculadas, como de costume, às eleições,
aquelas relacionadas com o aborto registaram a aprovação (62% contra 38%) da
proposta de emenda à Constituição do Louisiana (um estado conservador),
estabelecendo que não existe nenhum “direito” constitucional ao aborto[2],
enquanto no Colorado (um Estado que, desde há algum tempo, vota
predominantemente nos Democratas) não foi aprovada (59% contra 41%) a proposta
de proibir o aborto depois da 22.ª semana na quase totalidade dos casos[3].
Mas o que vai acontecer agora com a presidência e por que motivo ainda não há
um resultado definitivo? Quando foi redigida esta nota, anunciavam-se várias acções
judiciais de Trump, justificadas, em grande parte, por violações
constitucionais e fraudes relacionadas com o voto por correspondência.
Portanto, não é surpreendente que o juiz constitucional Alito, numa declaração
também assinada pelos juízes Thomas e Gorsuch a respeito de uma moção apresentada
ao Supremo Tribunal dos EUA relativa à votação da Pensilvânia[4],
tenha observado um fenómeno curioso, para dizer o mínimo. O Supremo Tribunal da
Pensilvânia tinha adoptado um decreto alterando as medidas decididas pelo
legislador da Pensilvânia sobre os seus poderes constitucionais: enquanto o
legislador estadual permitira a votação por correspondência, supondo que
chegasse até às 20h00 do dia das eleições, o Supremo Tribunal da Pensilvânia
havia decidido, com 4 votos contra 3, que o voto por correspondência não
deveria, necessariamente, chegar dentro de tais prazos, permitindo um atraso de
três dias e, como se isso não bastasse, um voto seria válido mesmo que a data
da votação fosse ilegível! Tais absurdos contrastam com a Constituição
americana sobre as regras relativas às eleições federais e não há quem não veja
como este mecanismo se expõe ao risco de fraude tornando todo o sistema pouco
confiável.
Se, não obstante tudo isso, os apelos forem rejeitados e Biden se tornar o novo
Presidente dos EUA, o medo muito concreto é que, nos próximos quatro anos, se
confirme a “profecia” de um período de trevas que Biden havia denunciado limitadamente
à pandemia e que, agora, devido aos desvalores democratas, poderia obscurecer
toda a vida americana: promoção do crime do aborto e outros males morais
intrínsecos, perseguição à liberdade de religião, violência e vandalismo nas
ruas sob o pretexto do anti-racismo, supressão da liberdade de expressão e do direito
de autodefesa, nacionalização/burocratização da saúde e educação, proliferação
de impostos e regulamentos, depressão económica e crescente endividamento,
política internacional servil em relação à China comunista e a outros centros
de poder. Depois, da glória à infâmia, em direcção a um declínio imparável dos
EUA. Nossa Senhora de Guadalupe, Mãe das Américas, rogai por nós!
Maurizio Ragazzi
Através de Corrispondenza Romana
[1] A única
excepção é o voto eleitoral (em cinco) obtido por Biden no Nebraska, com base num
sistema que concede dois votos a quem vence o Estado e um voto por cada a quem
ganha os três círculos eleitorais (um dos quais inclui a área metropolitana,
que não é a primeira vez que é ganho pelos Democratas). Seria paradoxal que, no
fim de todas as contagens e recursos, Biden tivesse chegado a 270 votos
eleitorais graças a esta votação solitária no Nebraska.
[2] Emenda: https://www.house.louisiana.gov/Agendas_2020/2020%20Constitutional%20Amendments1.pdf,
https://lovelifevoteyes.com/ e https://lovelifevoteyes.com/wp-content/uploads/2020/07/Love-Life-Amendment-LCCB-Statement.pdf.
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