No dia em que a Santa Sé apresentou o relatório sobre o deposto Cardeal Theodore Edgar McCarrick, o Arcebispo Carlo
Maria Viganò, antigo Núncio Apostólico nos Estados Unidos da América e
denunciante dos abomináveis crimes cometidos e encobertos por McCarrick, emite
uma primeira reacção ao documento vaticano que, conforme solicitado, traduzimos
e disponibilizamos aos leitores de Língua Portuguesa.
10 de
Novembro de 2020
Foi,
hoje, divulgado o relatório oficial da Santa Sé sobre o caso McCarrick: antes
de me pronunciar sobre o assunto, reservo-me o direito de analisar o seu
conteúdo.
Não posso, todavia, deixar de relevar a surreal operação de mistificação quanto
às responsabilidades de encobrir os escândalos do deposto Cardeal americano e,
ao mesmo tempo, não posso deixar de expressar a minha indignação ao ver dirigidas
a mim as mesmas acusações de encobrimento, quando denunciei repetidamente a
inércia da Santa Sé face à gravidade das acusações relativas à conduta de
McCarrick.
Um comentador sem preconceitos poderia notar o momento mais do que suspeito da
publicação, bem como a tentativa de desacreditar a minha pessoa, acusada de
desobediência e de negligência por aqueles que têm todo o interesse em
deslegitimar quem trouxe à luz uma rede de corrupção e imoralidade sem
paralelo. O descaramento e o carácter fraudulento demonstrados nesta ocasião
teriam pedido, a esta altura, que se chamasse esta sugestiva reconstrução dos
factos de “Relatório Viganò”, poupando ao leitor a desagradável surpresa de ver,
uma vez mais, adulterada a realidade. Mas isso teria exigido honestidade
intelectual, antes ainda de amor pela justiça e pela verdade.
Ao contrário de muitos personagens envolvidos nesta história, não tenho razão
para temer que a verdade possa contradizer as minhas denúncias, nem sou, de
algum modo, corruptível. Quem lança acusações infundadas com o único propósito
de distrair a atenção da opinião pública terá a amarga surpresa de constatar
que a operação conduzida contra mim não surtirá efeito, senão dar mais provas
da corrupção e da má-fé de quem, por demasiado tempo, se calou, negou, voltou o
seu olhar para outro lado e, hoje, deve prestar contas. A fiction vaticana
continua.
† Carlo
Maria Viganò, Arcebispo
0 Comentários
«Tudo me é permitido, mas nem tudo é conveniente» (cf. 1Cor 6, 12).
Para esclarecimentos e comentários privados, queira escrever-nos para: info@diesirae.pt.