Nas
últimas semanas, algumas das mais importantes empresas farmacêuticas mundiais
anunciaram a iminente produção de vacinas contra o COVID. Comentando estas
notícias, um apreciado virologista italiano, o Prof. Andrea Crisanti, emitiu
uma declaração de absoluto bom senso. À questão se, hoje, faria a vacina,
Crisanti respondeu: «Normalmente, são necessários cinco a oito anos para
produzir uma vacina. Por isso, sem dados disponíveis, não faria a primeira
vacina, mesmo que devesse chegar em Janeiro. Gostaria de ter a certeza de que
esta vacina foi oportunamente testada e que satisfaz todos os critérios de
segurança e eficácia. Tenho esse direito, como cidadão, e não estou disposto a
aceitar atalhos».
É uma resposta de total bom senso, aliás, coerente com aquele princípio de
precaução que, actualmente, é tão invocado para a protecção do meio ambiente e
não se compreende por que não deva ser utilizado no campo da saúde. O Prof.
Crisanti não é hostil às vacinas, mas acredita, correctamente, que os
comunicados de imprensa das empresas farmacêuticas não são suficientes para
garantir a segurança e aguarda os dados científicos que, depois, as agências de
controlo verificarão. Por causa destas palavras prudentes, foi demonizado pelos
mass media e por alguns dos seus colegas.
Crisanti defendeu-se, com uma carta, publicada no Corriere della Sera de
23 de Novembro, em que afirma, entre outras coisas: «Os guardiões da
ortodoxia científica não admitem hesitações ou perplexidades, reclamam um acto
de fé àqueles que não têm acesso a informações privilegiadas. “A vacina funcionará”,
trovejam indignados. Sou o primeiro a desejá-lo, mas permito-me, todavia, objectar
que a vacina não é um objecto sagrado. Deixemos a fé à religião e a dúvida e o
confronto à ciência, que são o seu estímulo e garantia».
Dei espaço a estas afirmações porque, ao que me parece, são a voz do bom senso numa
época em que, muitas vezes, se perde o bom uso da razão. Quem, como nós, não é
imunologista nem microbiologista e é, portanto, incapaz de fazer previsões
científicas, mas só pode tentar não renunciar ao bom uso da lógica, só pode dar
plena razão ao Prof. Crisanti. Mas, como além da razão é necessário viver esta
pandemia à luz da fé, podemos relatar a existência de um remédio contra o
coronavírus que é, de longe, o mais eficaz, pois previne não só os males do
corpo, que todos temem, mas também aqueles, muito mais perigosos, da alma, de
que ninguém fala.
Refiro-me à Medalha Milagrosa, cuja festa é celebrada a 27 de Novembro. Foi a
própria Nossa Senhora que, naquele dia, em 1830, apareceu a Catarina Labouré,
uma noviça de 24 anos, na Rue du Bac, na casa mãe das Filhas da Caridade, em Paris.
Catarina Labouré recorda que viu: «formar-se, em torno das SS. Virgem, um
quadro, um tanto oval, sobre o qual se liam, no topo, em forma de semicírculo
da mão direita à esquerda de Maria, estas palavras escritas em letras douradas:
‘Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós’. Então,
fez-se ouvir uma voz que me disse: “Manda cunhar uma medalha a partir deste
modelo; todas as pessoas que a usarem receberão grandes graças, especialmente se
a usarem ao pescoço; as graças serão abundantes para as pessoas que a usarem
com confiança... Imediatamente, pareceu-me que o quadro se virou e vi o reverso
da medalha. Havia a letra M (inicial do nome Maria), encimada por uma cruz sem
crucifixo, que tinha como base a letra I (inicial do nome Iesus, Jesus). Mais
abaixo, havia dois corações, um rodeado de espinhos (o de Jesus), o outro
trespassado por uma espada (o de Maria). Finalmente, doze estrelas cercavam o
todo. Depois, tudo desapareceu, como algo que se apaga, e enchi-me não sei de
quê, de bons sentimentos, de alegria, de consolação».
Em 1832, foram realizados os primeiros 1.500 exemplares da medalha pedida por
Nossa Senhora. Desde então, as graças e os milagres multiplicaram os pedidos:
pecadores convertidos, moribundos curados, perigos evitados, obtidas graças de
todos os géneros. A paróquia de Notre-Dame des Victoires, em Paris, tornou-se
um centro de extraordinária propagação. Catarina Labouré foi uma silenciosa
apóstola da Medalha Milagrosa até à sua morte, ocorrida a 31 de Dezembro de
1876. O total de medalhas já distribuídas naquela data ultrapassava um milhão.
O fruto mais marcante da nova devoção foi a conversão do hebreu Alphonse
Ratisbonne, a quem Nossa Senhora da Medalha Milagrosa apareceu, a 20 de Janeiro
de 1842, na igreja romana de Sant’Andrea delle Fratte.
Em 1894, Leão XIII, por ocasião do quinquagésimo aniversário das aparições da
Rue du Bac, declarou autêntica a milagrosa conversão de Ratisbonne e concedeu a
festa da Medalha a 27 de Novembro de cada ano. A 27 de Julho de 1947, Catarina
foi proclamada santa por Pio XII e, hoje, o seu corpo é venerado na capela das
aparições da Rue du Bac, ao lado da de Santa Luísa de Marillac, fundadora, com
São Vicente de Paulo, das Filhas da Caridade.
Por que Nossa Senhora escolheu uma simples medalha para distribuir as suas
graças? Pelo mesmo motivo pelo qual escolheu uma humilde noviça como
destinatária da sua mensagem: para demonstrar que a Providência se serve sempre
de instrumentos aparentemente insignificantes para derrubar inimigos que se
julgam invencíveis. «E o que há de fraco no mundo – diz São Paulo – é
que Deus escolheu para confundir o que é forte. O que o mundo considera vil e
desprezível é que Deus escolheu; escolheu os que nada são para reduzir a nada
aqueles que são alguma coisa» (1 Cor 1, 27-29).
Nossa Senhora, na aparição, de 27 de Novembro, a Santa Catarina Labouré, põe
vitoriosamente os pés sobre o globo, o Mundo, e tem entre as mãos um outro
globo menor, que oferece a Deus. Se o oferece é porque Lhe pertence. Maria,
Medianeira de todas as graças, co-redentora do género humano, também é Rainha
do Céu e da Terra. O mundo pertence-Lhe e não aos líderes do globalismo. Existe
uma ordem mundial que é santa e é a Sua.
Pio XI, a 19 de Julho de 1931, por ocasião do processo de Beatificação de
Catarina Labouré, referindo-se aos males que afligiam a Igreja, disse: «Nestes
dias, brilha a Medalha Milagrosa, como que para nos lembrar, de forma visível e
tangível, que à oração tudo é permitido, até os milagres, e, sobretudo, os
milagres. É aí que reside a magnífica especialidade da Medalha Milagrosa e nós
precisamos de milagres. Já é um grande milagre que os cegos vejam… mas há um outro
milagre que devemos pedir a Maria, Rainha da Medalha, que é que vejam aqueles
que não querem ver…».
A Medalha Milagrosa é benzida e, depois, usada, preferencialmente ao pescoço.
Os seus devotos não só a usam ao pescoço ou nas roupas, mas também a semeiam, nas
próprias casas, nos lugares de dor e de pecado, onde quer que se possa difundir.
A Medalha Milagrosa, usada, com confiança, por muitos católicos em todo o Mundo,
continua, ainda hoje, a sua extraordinária missão e é uma prodigiosa vacina
contra os males do nosso tempo. O último grande milagre que lhe pedimos é a
dissipação das trevas do caos que envolvem o Mundo em que vivemos.
Roberto de Mattei
Através de Radio Roma Libera
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