«Pelo
fim da Idade Média, as corporações de ofício começaram a perder esse espírito
de família. Também sucumbiram à intemperança frenética e perderam a solicitude
fraterna de uns para com os outros. Reduzindo-se à flexibilidade de tipo familiar,
adoptaram um rígido e excessivo controlo sobre os seus membros e sobre a
tecnologia do ofício. Desapareceu o fervor religioso, tão essencial à
temperança.
O historiador Joel Mokyr relata que “pode muito bem ter acontecido que no
século XVI as corporações das cidades começaram a sufocar o progresso
tecnológico para proteger a sua posição de monopólio e interesses”. Algumas
corporações tornaram-se extremamente ricas, entrando no ritmo frenético da
economia monetária.
Mesmo nesse estado, ainda mantinham algo do espírito de família. Os inimigos da
ordem de cristã viram naqueles restos as brasas de um fogo que se podia
reacender. Por essa razão, a Revolução Francesa, e outros governos mais tarde,
proibiram impiedosamente as corporações de ofício.
Nos tempos modernos, muitos têm proposto que repitamos o sucesso das antigas
corporações, ainda que sem o espírito de família. Alguns confundem o espírito
de caridade cristã com o da ‘fraternidade’ socialista e propõem caricaturas do
modelo de corporações, pelas quais os trabalhadores se uniriam em conselhos
laicos para organizar a produção ou formar equipas autogestionárias. Socialismo corporativo, corporativismo
(especialmente na sua forma fascista) e outos movimentos do género acabariam
por colocar as corporações sob o controlo do Estado.
Por serem muito mais próximas do trabalhador, as corporações de ofício, sem o
espírito de família, podem potencialmente controlar a produção e as vidas dos
seus membros muito mais intensamente do que um governo socialista distante. Ou
o mestre da corporação se comporta como um pai ou facilmente se torna um
tirano.
É por tudo isso que qualquer retorno às corporações deve ser feito com muito
cuidado».
John Horvat II, in Retorno à Ordem, p. 138
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