Há alguns
dias, o Secretário de Estado, o Cardeal Pietro Parolin, falando numa
conferência do Pontifício Instituto para as Missões Estrangeiras, em Milão,
expressou um parecer positivo sobre o acordo secreto com a China, que o
Vaticano pediu para prolongar por mais dois anos. Mas, nos dias anteriores,
surgira a notícia de que Vincenzo Guo Xijin, um Bispo fiel a Roma, após, graças
ao acordo, ter sido substituído por um bispo já excomungado e oriundo do
Partido Comunista, se tinha demitido do cargo de Bispo auxiliar por causa das
pressões e das formas de bullying exercidas contra ele.
E de toda a China há relatos de perseguições a quem não pretende aderir à
Associação Patriótica, o braço religioso do Partido Comunista.
As religiosas da Diocese de Xuanhua, na Província de Hebei, no Norte, foram
repetidamente instadas, pelas autoridades locais, a preencherem os formulários
de adesão à Associação. «Preferimos ser detidas e aprisionadas a preencher
estes formulários», disse uma das freiras, citada pela Bitter Winter. «Depois
de os formulários estarem preenchidos, convocar-nos-iam para frequentar cursos de
formação na capital da Província de Shijiazhuang, onde seríamos doutrinadas com
a ideologia do Partido, como fazem aos sacerdotes».
Em Junho, o governo da cidade ordenou que as freiras, em serviço na Igreja Católica
e que se tinham recusado a aderir ao PCC, deixassem a área porque «não eram
locais».
«Esta é a nossa casa; algumas de nós moramos aqui há 20 anos», lamentava
uma religiosa. «Não temos casas para onde voltar». «A maioria dos
nossos familiares já morreram». Estão prontas para ir para a cadeia. Noutro
lugar, foram impedidos de comemorar os dez anos da morte do Bispo John Yang
Shudao, que passou a maior parte da sua vida na prisão pela sua fidelidade a
Roma. E de toda a China há relatos de ordens para remover cruzes e
substituí-las por retratos de Mao e de Xi Jinping.
Agora, vamos imaginar que, há cerca de oitenta anos, Pio XI, por conselho de
Mons. Eugenio Pacelli, em vez de uma concordata, tivesse assinado um acordo
secreto com Adolf Hitler, permitindo que os camisas-pardas e a Hitlerjugend, e
aqueles simpáticos cavalheiros que ostentavam a suástica, e talvez uma bela
associação da Igreja Patriótica Nacional Alemã, pudessem participar na escolha
dos bispos e propô-los. E, nesse entretanto, com esse acordo secreto que
funcionava bem, o Reich prendesse e torturasse Bispos e sacerdotes
recalcitrantes, destruísse locais de culto e derrubasse cruzes cristãs.
Imaginem também o que, hoje, poderiam dizer e escrever os vários Melloni,
Faggioli, Riccardi e companhia católica adulta, para não falar dos
parlamentares de raiz cristã que entram demasiado em detalhe sobre o aborto.
Mas perguntámo-nos, e continuaremos a perguntá-lo, mesmo sabendo que nunca
teremos uma resposta: porquê um acordo secreto? Com a pior ditadura que existe,
actualmente, no mundo, a das milhões de pessoas presas nos Laogai? O que deve
esconder a Igreja para fazer um acordo secreto? Se era para defender a Igreja
na China, toda ela, não apenas a pró-comunista, a história da Igreja ensinava o
verdadeiro caminho das concordatas. Que, como sempre nos foi ensinado, existem,
precisamente, para isso: para tutelar as Igrejas locais sob a égide dos pactos
internacionais de governos hostis ou perigosos. Os acordos secretos são feitos
pelos mal-intencionados ou por aqueles que têm algo a esconder. O que têm a
esconder Parolin e os seus mandantes?
Marco Tosatti
Através de Radio Roma Libera
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