Se a
Encíclica Fratelli tutti, de Bergoglio, fosse realmente aplicada, Deus,
a Igreja e o Cristianismo, como os conhecemos até agora, provavelmente
desapareceriam e haveria o advento do comunismo, a abolição da propriedade
privada e dos estados soberanos, a ocupação de casas vazias ou por alugar para
os necessitados, a expropriação de bens em favor dos pobres, o direito
universal de cada um de escolher a cidadania. Para o bem da humanidade,
estouraria a mais sangrenta guerra civil mundial. Marx e Lenine, Mao e o nosso
próprio comunismo, Grillo e o rendimento mínimo universal são apenas a versão
moderada do manifesto político e ideológico de Bergoglio e da sua utopia
igualitária. Não estou a exagerar. Lede o texto do Papa, lançado de Assis, e
não as reduções adocicadas e gentis para os media. Aqui estão alguns trechos
(desculpem se insisto, mas foram muitos os que me pediram para voltar ao tema e
aprofundá-lo).
Inspirando-se em São João Crisóstomo, Bergoglio afirma que «não fazer os
pobres participar dos próprios bens, é roubar e tirar-lhes a vida; não são
nossos, mas deles, os bens que aferrolhamos» (n. 119). Aparentemente, o
Papa refere-se à função social da propriedade, contemplada na doutrina social
da Igreja, mas, depois, passa a reiterar que «a tradição cristã nunca
reconheceu como absoluto ou intocável o direito à propriedade privada» (n.
120). E, para quem tem dúvidas, especifica no mesmo parágrafo: «o direito à
propriedade privada só pode ser considerado como um direito natural secundário
e derivado do princípio do destino universal dos bens criados, e isto tem
consequências muito concretas». Ou seja, para ser concreto, quem se
encontra em situação de pobreza e de necessidade, como os migrantes, no supremo
nome do destino universal dos bens, poderá exigir que os bens e a propriedade
privada sejam expropriados ou redistribuídos porque tudo é de todos. No
parágrafo 124, continua Bergoglio, «hoje requer-se que a convicção do
destino comum dos bens da terra se aplique também aos países, aos seus
territórios e aos seus recursos», «cada país é também do estrangeiro».
Portanto, para colocá-lo em prática, não há direito, território, impostos
pagos, leis e segurança pública de uma nação que possam impedir alguém de
aproveitar os bens públicos e privados daquela nação, a prestação de serviços
sociais, sanitários, subsídios e quaisquer outros benefícios. A utopia
subjacente a tudo isto é o desejo de «um planeta que garanta terra, tecto e
trabalho para todos». Nem mesmo Marx e Engels foram tão longe...
Em seguida, acrescenta no parágrafo 129, «o ideal seria, sem dúvida, tornar
desnecessárias as migrações» e «criar reais possibilidades de viver e
crescer com dignidade nos países de origem»... «Mas, enquanto não houver
sérios progressos nesta linha, é nosso dever respeitar o direito que tem todo o
ser humano de encontrar um lugar onde possa não apenas satisfazer as
necessidades básicas dele e da sua família (o Papa deseja, mais tarde, o
direito à reunificação familiar), mas também realizar-se plenamente como
pessoa». Falamos de cerca de oito biliões de pessoas, até mesmo a distribuir
os bens se dividiria a miséria. «É preciso prestar atenção à dimensão global
para não cair numa mesquinha quotidianidade» (n. 142). O único aspecto
negativo dos migrantes para o Papa é que alguns deles «são atraídos pela
cultura ocidental», identificada, por Bergoglio, com o mal, a droga, as
armas. Ignora que cultura ocidental significa cristandade, civilização,
direitos, liberdade, bem-estar... Mas, para ele, a pureza dos migrantes e dos
seus mundos é manchada só pelo vírus ocidental.
O manifesto de Bergoglio torna-se, então, abertamente político. No plano
histórico, exorta a não esquecer o Holocausto e a bomba atómica em Hiroshima e
Nagasaki, enquanto se esquece do gulag e dos extermínios dos regimes comunistas
ateus no mundo. O comunismo nunca é mencionado; só é pregado sem nunca nomeá-lo
em vão... Depois, acrescenta que «toda a guerra deixa o mundo pior do que o
encontrou» (n. 261): portanto, mesmo a Segunda Guerra Mundial; era melhor
antes, quando Hitler estava lá... Um erro grosseiro.
A encíclica, dedicada à fraternidade universal, aponta para os inimigos: os
populistas e os nacionalistas, mas também os liberais; e os individualistas, os
capitalistas e aqueles que constroem muros. O racismo, no seu dizer, é «um vírus que muda facilmente e, em vez
de desaparecer, dissimula-se mas está sempre à espreita» (n.
97), assim como a “reacção espreita” na propaganda dos regimes
comunistas. Ao inimigo no poder basta «procurar, de várias maneiras, que
deixe de oprimir», «tirar-lhe o poder que não sabe usar» (n. 241). O
Papa condena os fanatismos, mas não cita nenhum fanático islâmico ou terrorista
ideológico; cita apenas os… cristãos intolerantes e, em particular, os digitais
(n. 46). Curiosa esta encíclica contra o Ocidente cristão…
Os bandidos, ou os delinquentes, são colocados no mesmo nível daqueles que «passam
pelo caminho olhando para o lado», os hipócritas burgueses são aliados e
equiparados aos criminosos (n. 75). No parágrafo 103, o Papa explicita a sua
dívida para com a Revolução Francesa, intitulando-a, de facto, Liberdade,
Igualdade e Fraternidade. O mais citado no texto é Imã Ahmad Al-Tayyeb;
Francisco de Assis é mencionado apenas como cristão ocidental, juntamente com
três não católicos, os negros Luther King e Desmond Tutu e o indiano Gandhi.
Parece uma canção de Jovanotti... A ideia de Bergoglio é que Cristo foi um
revolucionário subversivo e que, depois, a história e a Igreja traíram-no;
agora, com ele, voltamos às origens. Refundação comunista.
A Igreja e a fé estão em declínio e o Papa aposta na revolução planetária e no
comunismo global. Os seus preceitos podem justificar qualquer invasão,
ocupação, expropriação. Deus nos proteja do comunismo papal.
Marcello Veneziani
0 Comentários
«Tudo me é permitido, mas nem tudo é conveniente» (cf. 1Cor 6, 12).
Para esclarecimentos e comentários privados, queira escrever-nos para: info@diesirae.pt.