Um grupo de
médicos alemães escreveu uma declaração à Conferência Episcopal Alemã na qual
diz que «não existem razões médicas para acabar com a comunhão na boca», de
acordo com um comunicado de imprensa obtido pela LifeSiteNews.
O documento foi escrito por «médicos de diferentes regiões e com diferentes
especialidades», disse um dos responsáveis pelo documento à LifeSiteNews. De
acordo com o porta-voz (que deseja permanecer anónimo), a iniciativa foi tomada
«porque na Alemanha pensámos que, após ter sido levantada na Áustria a
proibição de dar comunhão na boca, também seria novamente permitida no nosso
país a breve prazo. Mas como nada disto se verificou ao fim de várias semanas,
decidimos tomar esta iniciativa».
Em Junho, 21 médicos austríacos citaram a opinião profissional do Professor
Filippo Maria Boscia, presidente da Associação dos Médicos Católicos de Itália,
que em Maio declarou ser «mais seguro receber a comunhão na boca do que a
comunhão na mão».
Em vista da crise do coronavírus, os bispos alemães proibiram a comunhão na
boca. Essa proibição continua em vigor. Assim sendo, os fiéis são obrigados a
receber a Sagrada Comunhão na mão. Os bispos alemães terão a sua reunião anual
do Outono entre 22 e 24 de Setembro, para a qual esta nova declaração foi
preparada.
O jornal católico alemão Die Tagespost,
que a 17 de Setembro noticiou pela primeira vez esta nova iniciativa, explica
mais detalhadamente quais são os argumentos deste grupo de médicos.
Segundo este jornal, os médicos contam, entre outros, com o trabalho do
virologista de Munique, Michael Roggendorf, que trabalha no campo da
intervenção da crise do coronavírus.
De acordo com estes médicos, as mãos dos fiéis que comungam nas igrejas são
também portadoras de vírus e bactérias, uma vez que tocam nos bancos quando se
sentam ou se ajoelham. Portanto, a recepção da Sagrada Comunhão na mão «não
pode ser considerada como alternativa [higiénica] segura», declara o relatório
do Tagespost.
Se durante a distribuição da Sagrada Comunhão, o padre tocar na língua de uma
pessoa que comunga na boca, pode sempre desinfectar as suas mãos. Além disso,
quando as pessoas abrem a boca, tendem mais a inspirar e não a expirar, sendo
portanto pouco provável que haja dispersão
de gotícolas. Assim, explica o relatório, a comunhão na boca é mais
segura do que a comunhão na mão, até porque a posição ajoelhada para a comunhão
na boca cria uma distância mais segura entre o sacerdote e a pessoa que
comunga.
A juntar aos argumentos dos 27 médicos a favor da comunhão na boca, o relatório
do Tagespost diz que o rito
tradicional da Santa Missa inclui um procedimento rigoroso para lavar as mãos.
Ou seja, a lavagem das mãos do sacerdote não depende da sua vontade, mas faz
parte do rito da Missa. Apenas ao sacerdote é permitido tocar o cálice, a
patena e o cibório. Além disso, após a Consagração na Missa Tradicional em
latim, o sacerdote celebrante já nem sequer toca em nada com os seus dedos
polegar e indicador, os quais têm que permanecer unidos para se manterem inteiramente
limpos [até ao momento da comunhão].
Os médicos também salientam que a Suíça nunca proibiu a comunhão na boca e
nunca teve por causa disso um pico de infecções.
Em relação a outras doenças, tais como gripe e infecções meningocócicas, os
médicos afirmam que o risco de infecção é baixo.
Conforme diz o comunicado de imprensa do grupo de médicos, emitido a 19 de
Setembro, a Conferência Episcopal dos bispos alemães decidirá na sua próxima
assembleia de Outono se «levantará a proibição da comunhão na boca». Com ela,
seguiriam os seus colegas na Áustria, que já tinham tido uma iniciativa
semelhante na Festa de Corpus Christi, em Junho deste ano, e na sequência da
qual a «Conferência Episcopal Austríaca levantou a proibição da comunhão na boca».
Estes médicos alemães esperam que «a sua intervenção ponha termo ao conflito de
consciência entre muitos fiéis e sacerdotes e que deixe de ser negada a forma
canónica comum de recepção da comunhão».
De acordo com o comunicado de imprensa, já outros médicos se juntaram ao grupo
original de signatários.
Este grupo de médicos pergunta por que não se juntam os bispos alemães aos
bispos austríacos e suíços, que permitem a comunhão na boca, e conclui o seu
comunicado de imprensa questionando «Por que têm os bispos alemães de sair
desta comunidade [do âmbito da língua alemã] e seguir um «Sonderweg» [caminho
independente e de excepção]?»
A organização Voz da Família, juntamente com a LifeSiteNews, organizou em
Julho uma conferência online sublinhando a importância de receber
dignamente a Sagrada Comunhão, ou seja, de joelhos e na boca. Um dos seus
porta-vozes, Dr. Peter Kwasniewski, colaborador da LifeSiteNews, insistiu que
os bispos estão a exceder a sua autoridade ao negar aos católicos o direito de
receber a Sagrada Comunhão na boca. «Muitos bispos estão actualmente a abusar
da sua autoridade ao se sobreporem ao Direito Canónico, segundo o qual os fiéis
têm claramente o direito de receber a comunhão na boca. É exactamente assim»,
declarou.
Através de LifeSiteNews
Tradução de Luís Ferrand d’Almeida
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