Insensatos,
que não cessais de revelar-vos indiscretos na procura da Trindade, sem vos
contentardes em acreditar tão-só que Ela existe, tal como vos orienta o
Apóstolo, ao dizer: «quem se aproxima de Deus tem de acreditar que Ele
existe e recompensa aqueles que O procuram» (Heb 11,6). Que ninguém se
ocupe de questões supérfluas, mas se contente em apreender o conteúdo das
Escrituras, [...] que dizem que o Pai é uma fonte — «o meu povo
abandonou-Me, a Mim, nascente de águas vivas» (Jr 2,13); «abandonaste a
fonte da sabedoria» (Br 3,12) — e é luz: «Deus é luz» (1 Jo 1,5). O
Filho, em relação a essa fonte, é um rio, de acordo com o salmo: «Enches, a
transbordar, o rio caudaloso» (Sl 65, 10), e, em relação à luz, é «resplendor
da sua glória e imagem fiel da sua substância» (Heb 1,3). Assim sendo, o
Pai é luz, e o Filho o seu resplendor. [...] E é no Filho que somos iluminados
pelo Espírito, como diz também Paulo: «que o Pai vos dê o Espírito de
sabedoria e vo-lo revele, para O conhecerdes, e sejam iluminados os olhos do
vosso coração» (Ef 1, 17-18). É, porém, Cristo quem nos ilumina nele quando
somos iluminados pelo Espírito, pois a Escritura diz: «O Verbo era a Luz
verdadeira que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina» (Jo 1, 9). Para
além disso, sendo o Pai fonte e Cristo rio, é dito igualmente que bebemos do
Espírito: «e todos bebemos de um só Espírito» (1 Cor 12,13).
Dessedentados, pois, pelo Espírito, é de Cristo que bebemos, porquanto bebemos
«de um rochedo espiritual que os seguia, e esse rochedo era Cristo» (1 Cor
10, 4).
Ora, sendo o Pai o «único Deus sábio» (Rom 16, 27), o Filho é a sua sabedoria, porque «Cristo é poder e sabedoria de Deus» (1 Cor 1, 24). Por conseguinte, ao recebermos o Espírito de sabedoria, recebemos o Filho e adquirimos a sua sabedoria. [...] O Filho é a vida, pois Ele disse: «Eu sou a Vida» (Jo 14, 6). Mas também se diz na Escritura que somos vivificados pelo Espírito, quando Paulo afirma que «o Pai, que ressuscitou Cristo de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, por meio do seu Espírito que habita em vós» (Rom 8, 11). Ao sermos vivificados pelo Espírito, é Cristo que Se faz vida em nós: «Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim» (Gal 2, 20).
Existindo, assim, no seio da Trindade uma tal correspondência e uma tal unidade, quem poderá separar o Filho do Pai, e o Espírito do Filho ou do Pai? [...] O mistério de Deus não é concedido ao nosso ser com discursos eloquentes, mas pela fé e por via de preces respeitosas.
Santo Atanásio, Carta I a Serapião, 19; PG 26, 573
Ora, sendo o Pai o «único Deus sábio» (Rom 16, 27), o Filho é a sua sabedoria, porque «Cristo é poder e sabedoria de Deus» (1 Cor 1, 24). Por conseguinte, ao recebermos o Espírito de sabedoria, recebemos o Filho e adquirimos a sua sabedoria. [...] O Filho é a vida, pois Ele disse: «Eu sou a Vida» (Jo 14, 6). Mas também se diz na Escritura que somos vivificados pelo Espírito, quando Paulo afirma que «o Pai, que ressuscitou Cristo de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, por meio do seu Espírito que habita em vós» (Rom 8, 11). Ao sermos vivificados pelo Espírito, é Cristo que Se faz vida em nós: «Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim» (Gal 2, 20).
Existindo, assim, no seio da Trindade uma tal correspondência e uma tal unidade, quem poderá separar o Filho do Pai, e o Espírito do Filho ou do Pai? [...] O mistério de Deus não é concedido ao nosso ser com discursos eloquentes, mas pela fé e por via de preces respeitosas.
Santo Atanásio, Carta I a Serapião, 19; PG 26, 573
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