Também achamos um principal deles,
já cristão baptizado, sobre o qual me disseram que muitas vezes o pedira, e que,
por isso, está de mal com todos os seus parentes. Um dia, achando-me eu perto
dele, deu uma bofetada grande a um dos seus por lhe dizer mal de nós ou coisa semelhante.
Anda muito fervente e é um grande amigo nosso; demos-lhe um barrete vermelho,
que nos ficou do mar, e umas calças. Traz-nos peixe e outras coisas da terra com
grande amor; não tem ainda notícias da nossa Fé, ensinamos-lha; madruga muito
cedo para ter lição e, depois, vai aos moços para ajudá-los às obras. Diz que
fará cristãos os seus irmãos e mulheres o quanto puder. Espero no Senhor que
este há-de ser um grande meio e exemplo para todos os outros, os quais lhe vão
já tendo grande inveja por verem os mimos e favores que lhe fazemos. Um dia,
comeu connosco à mesa perante dez ou doze ou mais dos seus, os quais se
espantaram do favor que lhe dávamos.
P. Manuel da Nóbrega, in Carta ao P. Mestre Simão de Azevedo (1549)
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«Tudo me é permitido, mas nem tudo é conveniente» (cf. 1Cor 6, 12).
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